Dissertação

Condições ambientais e transmissão de malária e dengue: um estudo das percepções dos moradores do entorno sul da Reserva Florestal Ducke - Manaus-AM

A pressão antrópica sobre áreas florestais, além de ser um problema ambiental, insere problemáticas sociais de primeira ordem, desde sua origem até as conseqüências dela. Sendo as áreas sociais elementos de vida abundante, cujo ecossistema se dinamiza em uma ordem própria, qualquer alteração nele...

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Autor principal: Santos, Carlos Henrique Ferreira
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/0055763002374301
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2015
Assuntos:
Acesso em linha: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/2601
Resumo:
A pressão antrópica sobre áreas florestais, além de ser um problema ambiental, insere problemáticas sociais de primeira ordem, desde sua origem até as conseqüências dela. Sendo as áreas sociais elementos de vida abundante, cujo ecossistema se dinamiza em uma ordem própria, qualquer alteração nele afeta significativamente todos os demais ecossistemas circundantes, e de modo especial as populações humanas. Assim, esse estudo se caracteriza pela interface ambiente e saúde, tendo como lócus da pesquisa populações que residem nas imediações da Reserva Florestal Ducke, com um milhão de hectares situada ao norte da cidade de Manaus-AM. A RFD se encontra quase isolada da floresta continua, devido a intensa ocupação principalmente nos limites sul, onde a cidade literalmente encosta na sua fronteira. Desse modo, o objetivo principal nesse estudo foi desvendar as dimensões subjetivas, a partir da percepção dos moradores sobre os aspectos ambientais presentes na produção da doença de transmissão vetorial, particularmente a malária e a dengue. As doenças de transmissão vetoriais são responsáveis por elevados índices de mortalidades. Seus vetores são insetos, cuja reprodução está associada à ocupação e devastação de áreas florestais. Utilizou-se nesta pesquisa qualitativa exploratória descritiva, dois métodos: observação participante e entrevistas semi-estruturadas. Participaram desse estudo 30 adultos (homens e mulheres), que residiam no local há pelo menos dois anos, com ou sem histórico dessas doenças. As observações feitas mostraram que as condições ambientais da área de estudo eram propícias a proliferação e reprodução dessas doenças de transmissão vetorial. Os resultados sobre a percepção dos moradores acerca das duas doenças demonstraram que a maioria deles as representa através dos sintomas que acometem as pessoas. A malária é mais percebida pelos moradores por manifestações dos vetores e dos sintomas conjuntamente (34%), enquanto a dengue é caracterizada pela maioria dos moradores apenas pelos sintomas (50%). Os entrevistados também associaram o mosquito da malária, assim como a doença, como originários da Mata , ou seja, ambiente natural como a RFD. Por sua vez, a dengue e seu transmissor foram relacionados com água parada , proveniente do acumulo em objetos na área urbana. As percepções sobre as práticas de prevenção dessas doenças mostraram que produção de fumaça (40%) e distanciamento da Mata (30%), predominaram para prevenção da malária, entretanto, as práticas utilizadas para prevenção da dengue foram a limpeza da casa e dos objetos (46%) e uso de redes de proteção (27%). Portanto, esse estudo mostra uma percepção distinta dos moradores para as duas doenças e ressalta a importância desse conhecimento sobre a malária e a dengue das comunidades em ambiente de risco, mostrando a necessidade de se incorporar um diálogo das políticas públicas com as práticas desta população. Utilizando as percepções como subsídio para que existam práticas de controle e prevenção destas doenças de transmissão vetoriais mais eficientes e eficazes, assim como promover a saúde, tendo a população destes ambientes como agentes participantes das ações de saúde e não apenas espectadores da atuação pública.