A atividade pesqueira desempenha papel de destaque no âmbito socioeconômico da bacia do Rio Negro, sendo considerada uma das principais atividades extrativistas para esta região, entretanto, estudos referentes à pesca comercial comestível estão mais direcionadas para a calha do Solimões-Amazonas, todavia, são escassas e/ou fragmentadas em rios de água preta. A etnoictiologia é o estudo voltado à compreensão de usos e significados dos peixes para as populações humanas, pesquisas com este caráter registram uma variedade de conhecimentos referente a ictiofauna. O presente trabalho, se propõe a analisar o etnoconhecimento ictiológico de pescadores de peixes comerciais comestíveis da região rural e urbana de Barcelos, Amazonas, sobre as espécies que explotam. Para isso, foram entrevistados 97 pescadores, utilizando-se de formulários padronizados e semiestruturados todos com autorizações prévias descritas em legislações. Durante a análise dos resultados verificou-se que os pescadores da zona rural e da zona urbana explotam as mesmas espécies, com predominância aos Characiformes. As principais áreas de pesca dos pescadores da zona rural são lagos e ilhas da região, enquanto que os pescadores da zona urbana exploram mais o rio Demeni. Verificou-se ainda que o conhecimento dos pescadores da região de Barcelos se mostrou consistente e condizente com a literatura científica, nos quais souberam retratar os hábitos alimentares da maioria das espécies por eles explotadas, bem como o período de atividade reprodutiva. Além do mais, forneceram informações concisas acerca de características morfológicas que as espécies referidas por eles apresentam. Ressalta-se ainda que informações presentes no trabalho para as quais não foram encontrados referenciais teóricos, podem gerar hipóteses para futuros estudos científicos na região. Assim, é possível concluir que a atividade pesqueira sob a ótica do pescador é uma prática fundamental na região do Médio rio Negro, bem como o conhecimento etnoictiológico, sendo condizente com a literatura científica, embora que para algumas espécies ainda exista ausência de informações biológicas a partir de métodos biológicos eficazes. Com isso, destaca-se um melhor aproveitamento destes conhecimentos, os quais podem ser utilizados como ferramentas participativas de pesquisa e na elaboração de regras de gestão dos recursos pesqueiros nesta área. Portanto, aconselha-se que os gestores levem em consideração o etnoconhecimento desses pescadores e o incorporem em estudos futuros que possam contribuir na elaboração do plano de manejo da região.
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