Arthur Engrácio foi um contista de grande expressão na literatura produzida no Amazonas, o qual, em suas narrativas, deu grande relevo à ambientação urbana e focalizou em cheio as mazelas do mundo citadino. A presente pesquisa foi realizada com o propósito de imergir nessas tramas urbanas, com o objetivo de analisar os conflitos humanos, tal como se apresentam ficcionalizados por esse escritor. Para tanto, rastreamos as estratégias narrativas que o autor utilizou para operar essa ficcionalização, investigando como elas contribuem para a qualidade literária do texto, sendo a principal delas a metáfora. O aporte teórico conta com reflexões a respeito da arte ficcional como recriação da realidade, no sentido de definir as linhas mestras da ficção e do fazer literário; há também uma incursão por livros que se dedicam a explicitar como se constrói o imaginário da cidade na literatura e como os flagrantes do espaço urbano são capturados pelos ficcionistas para a confecção de suas narrativas; por meio do conceito de literatura brutalista, em que são analisadas as imagens de violência e o submundo dos párias em que as cidades acabam se transformando; ou seja, focaliza-se sobretudo o domínio e o poder relacionados ao corpo feminino, engendrando o falso moralismo que está na base de muitos crimes de feminicídio. Todos esses conceitos são aplicados à análise dos contos engracianos, de forma a mostrar como as misérias humanas encharcam as narrativas urbanas do autor.
Palavras-chave: Arthur Engrácio. Ficção. Contística. Cidade. Conflitos humanos.
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