A mineração contribui substancialmente para a economia em diferentes escalas e possui papel fundamental no desenvolvimento de vários setores de bens e serviços, mas ocasiona severos impactos ambientais como a supressão vegetal e a descaracterização do solo. O uso de espécies
florestais nativas na restauração florestal tem sido cada vez mais reconhecido como um meio eficiente para restaurar a função e a estrutura dos ecossistemas pós-mineração. O objetivo desta dissertação foi contribuir com as bases práticas e teóricas da restauração florestal em áreas
degradadas na Amazônia. No primeiro capítulo, foi conduzido um estudo com o objetivo de avaliar os indicadores de qualidade do solo, a sobrevivência e o crescimento inicial de 6 espécies florestais tropicais em áreas pós-mineração de caulim em Ipixuna do Pará - PA. O estudo buscou responder se a utilização do calcário em três volumes de covas afetaram as
propriedades químicas do solo e o desempenho geral das plantas aos 12 meses após o plantio. Os nossos resultados demonstraram que o solo se encontra intensamente degradado, porém a aplicação do calcário reduziu a concentração do Al tóxico no solo. Através da PCA, os dois primeiros componentes explicaram 67,73% da variância dos 13 indicadores funcionais da qualidade do solo. O PC1 correlacionou-se positivamente com Ca, Mg, K, SB, CTC e V, enquanto que a H+Al e saturação por Al apresentaram correlações negativas. Houve influência direta entre a aplicação do calcário e os volumes de covas no crescimento das espécies
estudadas, porém não percebemos uma tendência e comportamento bem definido para esse indicador estrutural. Apesar disso, destacamos as elevadas taxas de crescimento para as espécies Inga edulis, Inga cayennensis, Clitoria fairchildiana e Tachigali vulgaris. A taxa de sobrevivência variou entre 13% e 100% entre as espécies, sendo que Clitoria fairchildiana proporcionou as maiores porcentagens de sobrevivência, superior aos 75% para todos os tratamentos. No segundo capítulo, buscamos responder se a sobrevivência e o crescimento
inicial de 4 espécies florestais leguminosas foram afetados de acordo com diferentes adubações em dois volumes de covas em uma área degradada por mineração de cascalho na empresa Jari Celulose, Monte Dourado - PA. Utilizamos os resíduos de produção de celulose solúvel (i.e. galhos, cascas e folhas de Eucalyptus spp.), manta de fibra de coco em dois volumes de cova no desempenho geral das plantas 15 meses após o plantio. Nossos resultados apontaram excelentes taxas de crescimento para as quatro espécies avaliadas, variando de 160,75 a 279,26 cm ano-1. Para o IPADAP o resíduo promoveu incrementos significativos para a Clitoria fairchildiana, porém não diferiu para as demais espécies. Além disso, as taxas de sobrevivência foram igual ou superior a 80% para as espécies Clitoria fairchildiana, Inga edulis e Inga thibaidiana. As espécies utilizadas são recomendadas para áreas pós-mineração de cascalho por promover facilmente a estruturação do ecossistema. Adicionalmente, os resultados dessa dissertação contribuem com a ciência da restauração florestal e sugerem aptidão das espécies utilizadas para recomposição de áreas altamente impactadas na Amazônia, especialmente pelas características de crescimento rápido e recomposição dos serviços.
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