Frente ao desafio da conservação da biodiversidade na Amazônia em seus
diversos ecossistemas, estudos de estrutura, composição e similaridade florística se
tornam ferramentas chave para propor ações mitigadoras contra a perda da biodiversidade
e implantação de projetos de recuperação e conservação, sobretudo em ambientes de
várzea, cujas características fisioquímicas os tornam ambientes frágeis, com um baixo
tempo de resiliência, sendo ainda pressionados através da intensa ocupação para o uso na
agricultura, pecuária e outras atividades. Este trabalho teve por objetivo realizar o
levantamento florístico e análise dos descritores fitossociológicos da vegetação de uma
floresta de várzea no distrito de Arapixuna, Santarém, Pará, bem como comparar tal
composição com outros estudos em várzea levantados para o bioma amazônico. Para isso,
foram instaladas 4 parcelas de 50×50 m, totalizando 1 ha de área amostrada. Em cada
parcela foi realizado inventário dos indivíduos arbóreos com diâmetro à altura do peito
maior ou igual a 10 cm. Para a análise fitossociológica foram avaliados a densidade,
frequência e dominância absoluta (DA, FA e DoA; respectivamente) e relativa (DR, FR
e DoR; respectivamente); assim como o valor de importância (VI), e ainda realizada a
relação florística entre as áreas levantadas através da análise NMDS (nonmetric
multidimensional scaling). Foram encontrados 334 indivíduos de 18 famílias, distribuídos
em 22 gêneros e 24 espécies, em que Cassia leiandra Benth, Schizolobium amazonicum
Huber ex Ducke, Vitex cymosa Bertero ex Spreng e Gustavia augusta L. representam
pouco mais de 53% do VI observado. Foi observada uma dissimilaridade da composição
florística entre as áreas de várzea e esta foi parcialmente explicada pela distância
geográfica entre cada área levantada, revelando uma possível influência da estrutura
hidrológica, diferença entre as bacias e até mesmo a diferença entre a composição da água
na composição florística de florestas de várzea. Tais resultados além de corroborarem a
urgência de ações mitigadoras que busquem conservar e estudar tais ambientes, ressaltam
que mesmo várzeas sendo ambientes com características fisionômicas similares ao longo
da sua área de ocorrência, são únicos a seu modo.
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