Dissertação

As representações dos indivíduos amazônicos na cronística de descobrimento da Amazônia e no romance de Inglês de Sousa

Esta pesquisa busca analisar as representações dos indivíduos amazônicos em duas obras de grande relevância histórica e literária da Amazônia, avaliando as relações que tais representações possuem com a colonização da região. A primeira obra analisada é Descubrimiento del río de las Amazonas (1542),...

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Autor principal: RODRIGUES, Ronaldo Júnior Pantoja
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Pará 2019
Assuntos:
Acesso em linha: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11568
Resumo:
Esta pesquisa busca analisar as representações dos indivíduos amazônicos em duas obras de grande relevância histórica e literária da Amazônia, avaliando as relações que tais representações possuem com a colonização da região. A primeira obra analisada é Descubrimiento del río de las Amazonas (1542), de Gaspar de Carvajal, na qual o indivíduo amazônico do século XVI, o indígena, é descrito como bárbaro e cognitivamente inferior ao colonizador. Tais representações limitadas do indivíduo amazônico começam a ganhar novos rumos de maneira expressiva a partir do século XIX, através das obras do escritor paraense Inglês de Sousa. Por sua obra marcar essa transição de representações, História de um pescador, de 1876, também é um romance analisado na pesquisa, no qual o autor nos apresenta o tapuio José, descendente direto do indígena amazônico, que se torna um protagonista consciente de sua condição oprimida sem se sujeitar a ela. Esta representação dos personagens de Inglês de Sousa atribui uma nova interpretação possível dos indivíduos amazônicos e até mesmo da própria História amazônica, uma vez que o indígena e seus descendentes já não são inferiorizados, o que difere das representações das crônicas de colonização, como a de Gaspar de Carvajal, cujo interesse era apagar e menosprezar os indígenas amazônicos em prol do projeto colonizador. Entender essas manifestações literárias contribui para uma discussão e compreensão maior sobre aspectos inerentes à região amazônica a partir da colonização, como a subalternidade, a mestiçagem e a resistência. Para que a pesquisa seja desenvolvida, utilizaremos autores como O’Gorman (2006), Mignolo (2008), Quijano (2001), Gondim (1994), Fernandes (2004), Bosi (1992) e Bhabha (1994), dentre tantos outros que nos fazem questionar a construção da história das regiões colonizadas e suas reverberações, o que inclui a Amazônia.