Artigo

Fia Sophia: etnografia do batom

XVI Congresso da Sociedade Internacional de Etnobiologia, XII Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, I Feira Mundial da Sociobiodiversidade, IX Feira Estadual de Ciência Tecnologia e Inovação (ISE SBEE 2018 Belém+30). Todos estes eventos estavam comportados dentro do Centro de Convençõ...

ver descrição completa

Autor principal: MARIA, Samily
Outros Autores: TARCILA, Elis, OLAIA, Pedro, SOPHIA, Sophia
Grau: Artigo
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Pará 2020
Assuntos:
Acesso em linha: http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/12503
http://dx.doi.org/10.18542/nra.v6i4.6482
Resumo:
XVI Congresso da Sociedade Internacional de Etnobiologia, XII Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, I Feira Mundial da Sociobiodiversidade, IX Feira Estadual de Ciência Tecnologia e Inovação (ISE SBEE 2018 Belém+30). Todos estes eventos estavam comportados dentro do Centro de Convenções Hangar em Belém do Pará, e ali na área aberta da feira, Sophia propôs a ação Fia Sophia. O vídeo é o registro etnográfico da ação imersiva de Sophia no evento a partir do jogo de improviso, em que a drag dá o batom para as pessoas escreverem no corpo da gata palavras-ações agressivas que já recebemos devido termos nossos corpos fora do padrão intolerante heteronormativo, branco, rico e patriarcal. Uma mulher, no evento Belém +30 pintou meu olho com o batom vermelho, e enquanto aquela mulher forte, de aparência de guerreira bruxa, me pintava ao mesmo tempo ela desabava sobre mim, lacrimejava e dizia baixinho: “foi um soco no olho...”. Eu também chorava dentro de mim, lembrava que na noite anterior, eu mesma, tinha sofrido agressão na rua, quando levaram minha bolsa com materiais de trabalho e me deixaram um soco no olho. A dor naquele momento, enquanto ela pintava meu olho, era mais do que real, imagens me vieram a cabeça, lembranças de agressões que tantas amigas mulheres e bichas e travestis já sofreram; suei frio, gaguejei, engoli o desespero e me fortaleci na troca afetiva espontânea, na troca de olhares, no abraço, e nas forças de tantas palavras escritas e ouvidas que me dão coragem para prosseguir com ações e práticas artísticas de resistência.