Trabalho de Conclusão de Curso - Graduação

O campo Taperebá (Corpos A e B) do depósito aurífero de Amapari, Amapá : rochas encaixantes,caracterização do minério e dos fluidos hidrotermais

O depósito aurífero de Amapari, formado pelos campos Urucum e Taperebá, está hospedado na Suíte Metamórfica Vila Nova, de idade Paleoproterozóica, e localiza-se à cerca de 18 km a ENE da cidade de Serra do Navio, Amapá. No campo Taperebá foram definidos os corpos de minério A, B, C e D. Objetivou-...

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Autor principal: ROSA, Ana Glória Noronha
Grau: Trabalho de Conclusão de Curso - Graduação
Publicado em: 2019
Assuntos:
Acesso em linha: http://bdm.ufpa.br/jspui/handle/prefix/1725
Resumo:
O depósito aurífero de Amapari, formado pelos campos Urucum e Taperebá, está hospedado na Suíte Metamórfica Vila Nova, de idade Paleoproterozóica, e localiza-se à cerca de 18 km a ENE da cidade de Serra do Navio, Amapá. No campo Taperebá foram definidos os corpos de minério A, B, C e D. Objetivou-se com este trabalho 1) descrever petrograficamente as diversas unidades litológicas que compõem a seqüência Metavulcanossedimentar hospedeira dos corpos A e B do campo Taperebá, com vistas a identificar associações minerais indicativas dos metamorfismos regional e termal a que aquela sequência foi submetida, 2) caracterizar os corpos de minério, em termos do modo de ocorrência, conteúdo mineralógico, principais texturas e rochas encaixantes e 3) caracterizar preliminarmente os fluidos mineralizantes e a alteração hidrotermal. Dados mineralógicos, texturais, modais e químicos, subsidiados por informações disponíveis na literatura, foram usados na busca desse objetivo. No depósito Amapari, o metamorfismo regional originou xistos variados e Metamorfisou formações ferríferas bandadas ( FFB ) dos tipos óxido e óxido-silicático. A presença de granada e biotita nos xistos indica que eles alcançaram a fácies anfibolito baixo (zona da almandina) marcada por temperaturas e pressões moderadas. Com base na composição modal média dos xistos (43,6 % de biotita, 35,7 % de quartzo, 11,5 % de muscovita, 8,2 % de clinozoisita, 0,6 % de opacos e 0,4 % de turmalina + plagioclásio), pôde-se interpretar os xistos como derivados de rochas de natureza pelítica, mas com alguma contribuição carbonática. Nas FFB a presença de Grunerita é indicativa de metamorfismo de grau médio (French 1968, Klein 1973) e o próprio tamanho dos grãos (> 0,2 mm) evidencia condições compatíveis com aquela fácies (James 1954, Gross 1961, Dorr 1964). A composição modal das FFB do tipo óxido (59% de quartzo e 41% de martita) e óxido-silicático (40% de quartzo, 33% de martita e 27% de grunerita) mostram que estas rochas têm óxidos de ferro e sílica como principais constituintes, certamente já presentes nos precipitados químicos precursores. A martita tem origem pós-metamórfica. O metamorfismo termal gerou os escarnitos, os quais ocorrem na auréola de contato do granito Itajobi. A associação mineralógica mais comum nestas rochas (diopsídio + flogopita + grossularita) aponta para a fácies hornblenda hornfels com a temperatura tendo atingido pelo menos 550°C a pressões relativamente baixas (Philpotts 1990). No depósito as condições foram, pelo menos localmente, mais severas, alcançando a fácies piroxênio hornfels, haja vista a ocorrência de periclásio em escarnitos do campo Urucum (Melo 2001). Os escarnitos são derivados de rochas carbonáticas impuras (margas), o que explica as composições mineralógica (53% de calcita, 40% de diopsídio, <1 a 12% de magnetita e 2% de flogopita) e química (ricas em SiO2, FeO e MgO). Os sulfetos são pouco abundantes, sendo encontrados, principalmente, em pequenos filetes concordantes à foliação dos xistos. A pirita é o sulfeto dominante seguida calcopirita. A rara presença de finos cristais de ouro (?) é restrita aos xistos, podendo-se deduzir que ele é, normalmente, de granulação muito fina e/ou está contido na estrutura dos minerais, particularmente os sulfetos. Não foram identificados nos corpos A e D os fluidos aquo-carbônicos considerados as soluções portadoras de ouro no Campo Urucum, porém foram registrados fluidos aquosos, os quais, com base nas inclusões estudadas, correspondem, principalmente, aos sistemas NaCl–CaCl2–H2O e NaCl–MgCl2–(FeCl2)–H2O e, subordinadamente, ao sistema NaCl–KCl–H2O. A maioria dos dados mostra que a salinidade varia de 5,1 a 14,8% NaCl equiv., a densidade de 0,69 a 1,07 g/cm3 e as temperaturas de homogeneização de 110,8 a 423,1ºC. Em termos evolutivos, a principal característica desses fluidos tem a ver com o processo de diluição, perpetrada provavelmente por águas superficiais, sobretudo no corpo D. Uma possível explicação para sua origem estaria na ligação com o alojamento do granito Itajobi, cujo resfriamento provocou o movimento convectivo das soluções e a interação com as rochas da seqüência hospedeira. Seguindo diferentes trajetórias, os fluidos ricos em CaCl2 teriam tido maior contato com as rochas carbonáticas, e neste caso estariam associados à formação dos escarnitos, enquanto os fluidos ricos em FeCl2 teriam tido maior influência das rochas metassedimentares clásticas e formações ferríferas. Por seu turno, os fluidos ricos em KCl teriam tido maior interação com as rochas ricas em biotita (xistos) ou, até mesmo, serem fluidos exsolvidos da cristalização do granito.