Esta dissertação examina a "experiência étnica Omágua-Kambeba" na aldeia Três Unidos, analisando as mobilizações étnopoliticas para obter o reconhecimento de sua etnicidade e garantia de direitos, bem como as estratégias empregadas para atingir esse objetivo. A pesquisa etnográfica foi conduzida pelo pesquisador, que também é membro do povo Omágua-Kambeba, e envolveu um diálogo teórico com vários autores, como Philippe Poutignat, Jocelyne Streiff-Fenart, Frederick Barth, Roberto Cardoso de Oliveira, Ingrid Weber, entre outros. O trabalho de campo incluiu observação, escuta e registro, seguindo as abordagens de Roberto Cardoso de Oliveira, bem como é destacada a importância da vivência pessoal e da memória coletiva no processo de pesquisa e reflexão antropológica, onde o pesquisador reconhece o seu "lugar privilegiado" como membro da comunidade e utiliza sua vivência étnica e memória coletiva como recursos para a pesquisa antropológica. Além disso, a pesquisa interage com diversos agentes da aldeia Três Unidos; incluindo líderes do movimento indígena, professores da Escola Kanata T-ykua e jovens Omágua-Kambeba, considerado neste trabalho autores teóricos que dialogam com os demais, em um campo simétrico. As interações ocorreram por meio de entrevistas, análise documental e interpretação de materiais etnográficos. A dissertação aborda o contexto das dinâmicas das relações interétnicas no Brasil, destacando como os povos indígenas, no caso os Omágua-Kambeba da aldeia Três Unidos, desenvolvem estratégias de afirmação étnica para assegurar seus direitos constitucionais. É enfatizada a necessidade do reconhecimento étnico como condição para acessar políticas públicas essenciais, como saúde e educação, observando até que ponto essas estratégias moldam suas relações sociais em benefício da comunidade e até que ponto são resinificadas. Nesse sentido, a etnicidade é processo de mobilização da identidade étnica em contexto situacional, otimizando a cultura, em resposta às políticas históricas de extermínio cultural, de luta pelo território, bem como um agenciamento orgânico no processo histórico-cultural Omágua-Kambeba.
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