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Tese
Na lida, em silêncio e na (in)visibilidade : as pescadoras artesanais de camarão do Rio Solimões/Amazonas
A pesca artesanal do camarão (Macrobrachium amazonicum) é praticada pela maioria de mulheres em várias comunidades ribeirinhas da calha do rio Solimões/Amazonas, faz parte do modo de vida varzeiro amazônico. Nossa pesquisa identificou 11 (onze) municípios pesqueiros de camarão no Amazonas, dentre...
Autor principal: | Diógenes, Antônia Mara Raposo |
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Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/8412404224155459 |
Grau: | Tese |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2024
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Assuntos: | |
Acesso em linha: |
https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10438 |
Resumo: |
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A pesca artesanal do camarão (Macrobrachium amazonicum) é praticada pela maioria
de mulheres em várias comunidades ribeirinhas da calha do rio Solimões/Amazonas,
faz parte do modo de vida varzeiro amazônico. Nossa pesquisa identificou 11 (onze)
municípios pesqueiros de camarão no Amazonas, dentre os quais, definimos 04
(quatro) como nossa área de estudo - Careiro da Várzea, Iranduba, Itacoatiara e
Manacapuru. Nesses lugares de pesquisa, detectamos 11 (onze) comunidades
pesqueiras dos crustáceos e entrevistamos 26 (vinte e seis) mulheres pescadoras de
10 (dez) comunidades. Essa pesca representa uma das principais fontes de renda
para as famílias das pescadoras, sendo realizada no período da vazante, nos meses
de agosto a outubro. Nosso objetivo com a investigação é dar visibilidade e contribuir
com o processo de reconhecimento do trabalho dessas mulheres pescadoras
artesanais, ampliando e aprofundando o conhecimento sobre o trabalho que
desenvolvem com este tipo de pesca. A metodologia utilizada foi de cunho qualitativo.
Realizamos estudo bibliográfico, fizemos uso da observação direta, realizamos
entrevistas estruturadas e semiestruturadas, conversamos com as pescadoras
individualmente e em grupo. Registramos nossos encontros e algumas das várias
atividades que as pescadoras realizam por meio de filmagens e imagens fotográficas,
além de fazermos as marcações de pontos para a elaboração dos mapas das
comunidades onde estivemos presentes. Os dados foram analisados tendo por base
a perspectiva social e histórica, em um processo contínuo e complexo, exigindo de
nós uma postura reflexiva, crítica e permanente na busca de significados, nexos sobre
os dados estudados. Nossas análises refletem o momento social e histórico em que
foram realizadas. As pescadoras realizam o trabalho no processo de pesca do
camarão, desde a preparação das iscas até sua comercialização, mas a maioria delas
não possui o Registro Geral da Pesca (RGP) e, consequentemente não tem acesso
ao Programa do Seguro Defeso do Pescador Artesanal (PSDPA). A pesca do camarão
não é pauta de discussão, nem tem qualquer tipo de documento que comprove
formalmente sua existência, tanto nas instituições governamentais, quanto nas
entidades representativas da categoria pesqueira, Colônias, Sindicatos e
Associações. Nossa pesquisa considera que a ausência de registros, invisibiliza e
contribui para a falta de reconhecimento da especificidade desse tipo de trabalho
pesqueiro amazônico, das pescadoras artesanais que desenvolvem esta atividade e
da economia que é gerada em torno desta prática. e economia. Nosso estudo aponta
também para a situação de vulnerabilidade socioambiental das mulheres pescadoras
e do recurso natural pesqueiro com o qual trabalham, o camarão, uma vez que ambos
não dispõem de políticas protetivas específicas, já que para o Estado eles não existem
formalmente. A participação das mulheres nos espaços políticos de representação
pesqueira é marcada pelo silêncio em torno da pesca do camarão e pelo patriarcado.
Nesses espaços, observa-se também as relações de parentesco no comando das
entidades. Não identificamos nem um movimento das pescadoras de camarão em
torno da busca por seus direitos. |