Nos últimos 50 anos, a soja foi o principal grão que se expandiu nas áreas
agrícolas do Brasil e do Mundo. O estudo identifica um novo paradigma na produção
de soja no Brasil, destacando o avanço da fronteira agrícola na Amazônia
Setentrional. O objetivo principal da dissertação é analisar as transformações
ambientais resultantes da expansão da cultura da soja em Roraima, buscando explicar
as mudanças no uso e cobertura da terra em uma perspectiva temporo-espacial,
e analisar a vulnerabilidade ambiental da área de estudo. Dividida em três capítulos,
a pesquisa inicia discutindo os fundamentos teóricos da Geografia Física
Crítica, explorando a relação entre sociedade e natureza e os conceitos de
ambiente e território. Em seguida, caracteriza-se a área de estudo localizada no
centro-sul de Roraima, abordando a geoeconomia e geopolítica da soja na região,
além de analisar a história da expansão da cultura da soja e os principais atores
envolvidos nesse processo. O terceiro capítulo se dedica a analisar as
mudanças ambientais e os conflitos em Roraima, utilizando dados de uso e
cobertura da terra, vulnerabilidade ambiental e relatos de campo para ilustrar e
analisar essas transformações. Os resultados são observados a partir de uma
revisão sistemática da literatura, trabalho de campo e mapeamento do uso e
cobertura da terra em Roraima. O uso de um Sistema de Informações
Geográficas (SIG) foi fundamental na análise mais aprofundada dos fatores e
consequências associados à expansão da soja na região. Os resultados destacam
um aumento de 8.750% na produção de soja em Roraima em 12 anos, refletindo o
avanço da frente pioneira e a integração da área de estudo nos circuitos globais de
comercialização. Isso viabiliza a soja e seus derivados como peças-chave na
economia estadual, representando 59% do total dos produtos exportados para
o ano de 2023. Contudo, observa-se que o aumento da produção está associado
à conversão de áreas naturais para áreas de agropecuária, acompanhada
pelo aumento da degradação das pastagens e do desmatamento ao longo dos
últimos anos, o que colabora para o aumento da vulnerabilidade ambiental na área
de estudo. Apesar da classe de vulnerabilidade baixa predominar, ocupando 73,85%
da área total, as classes de vulnerabilidade média (32,27%) e alta (0,58%) já
demonstram impactos ambientais relevantes, especialmente em áreas críticas
sujeitas a degradação e maior pressão ambiental, o que exige atenção para mitigar
esses impactos.
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