As variações nas características bióticas e abióticas no interior das cidades promovem a formação de gradientes ambientais. Neste estudo investigamos como estes gradientes ambientais urbanos influenciam os componentes filogenéticos e funcionais das assembleias de aves. Utilizamos dados obtidos de censos de aves realizados em 89 pontos da cidade de Manaus que cobrem variados gradientes ambientais. Quantificamos
a diversidade filogenética e funcional através da estrutura taxonômica e de 22 traços ecológicos e morfológicos. A diversidade filogenética do conjunto total de aves foi negativamente afetada pela densidade de bordas, mas não pela cobertura florestal. A linhagem mais diversa de aves (Passeriformes) apresentou perda significativa de diversidade filogenética ao longo do gradiente de cobertura florestal e de ruído. Aproximadamente metade dos traços funcionais testados apresentaram diferenças ao longo do gradiente de cobertura florestal. Os traços filtrados pelos gradientes ambientais urbanos se relacionam principalmente com a nidificação, forrageamento e morfologia. Além disso, diferentes componentes da diversidade funcional (riqueza, regularidade, dispersão e divergência) foram afetados pelos gradientes ambientais. Aparentemente,
traços ecológicos categóricos foram mais sensíveis do que os morfológicos às modificações ambientais ao longo dos gradientes de cobertura florestal. A urbanização afeta os componentes filogenéticos e funcionais das assembleias de ave de Manaus como relatado em outras cidades ao redor do mundo. No entanto, as respostas filogenéticas e funcionais aos gradientes ambientais urbanos de Manaus foram complexas e heterogêneas. Nossos resultados sugerem que a melhor estratégia de manejo do espaço urbano para as aves é a preservação de áreas com maior cobertura de ambientais florestais que estejam mais conectadas e com pouco efeito de borda em locais com pouco ruído.
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