Dissertação

Entre “Banzeiros”: sofrimentos e resistências de mulheres amazônidas migrantes durante a trajetória de escolarização do Ensino Superior.

As mulheres na Amazônia, historicamente, enfrentam processos de exclusão e silenciamento, os quais são agravados pelo isolamento geográfico. Além disso, a sobrecarga de trabalho e a falta de remuneração dificultam o acesso à educação, a conclusão dos estudos e a empregabilidade, somados às violência...

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Autor principal: Silva, Janaína Léia Pssos da
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/7644158012348812, https://orcid.org/0000-0003-1720-2867
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2025
Assuntos:
Acesso em linha: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10610
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spelling oai:https:--tede.ufam.edu.br-handle-:tede-106102025-01-21T05:07:07Z Entre “Banzeiros”: sofrimentos e resistências de mulheres amazônidas migrantes durante a trajetória de escolarização do Ensino Superior. Silva, Janaína Léia Pssos da Ferreira, Breno de Oliveira http://lattes.cnpq.br/7644158012348812 http://lattes.cnpq.br/1349420367392809 Resende, Gisele Cristina http://lattes.cnpq.br/0524959272545250 Costa, Jociel Ferreira http://lattes.cnpq.br/1953295693068547 https://orcid.org/0000-0003-1720-2867 Mulheres - Amazônia CIENCIAS HUMANAS Mulheres amazônidas Ecofeminismo Interseccionalidade Corpo-território As mulheres na Amazônia, historicamente, enfrentam processos de exclusão e silenciamento, os quais são agravados pelo isolamento geográfico. Além disso, a sobrecarga de trabalho e a falta de remuneração dificultam o acesso à educação, a conclusão dos estudos e a empregabilidade, somados às violências de gênero e subordinações que afetam as realidades das mulheres amazônidas. A ótica interseccional, assim, é fundamental para considerar o contexto territorial, abarcando, também, questões relacionadas com marcadores sociais outros, tais como gênero, raça e classe, o que possibilita, consequentemente, amplificar as vozes de populações que no decorrer da História foram silenciadas e oprimidas. Esta pesquisa, portanto, analisa os impactos do sofrimento psíquico e ético-político em mulheres amazônidas reterritorializadas e racializadas, que migraram de comunidades rurais, quilombolas e indígenas para cursar o Ensino Superior no Amazonas. Aqui, entende-se como reterritorializadas pela necessidade que essas mulheres tiveram de se deslocar dos seus territórios de origem para um território outro, urbano; e como racializadas por não serem brancas, tendo, portanto, a questão da cor como marcador social importantes em suas vivências, especialmente quando se considera a entrada no mundo acadêmico, predominantemente branco. Partindo de uma perspectiva interseccional, vale-se do conceito de corpo-território, para o qual há uma relação indissolúvel entre corpos, histórias e terra, e enfatiza a criação de espaços de resistência e valorização de saberes ancestrais. Para tanto, este trabalho se pauta em uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, utilizando as narrativas das mulheres amazônidas racializadas e reterritorializadas para compreender de qual forma os impactos do sofrimento psíquico e ético-político foram experienciados nas suas trajetórias de escolarização no ensino superior. As narrativas se referem, sobretudo, aos ciclos de violência geracionais, abuso sexual, dificuldades econômicas, enfraquecimento de laços familiares, insegurança alimentar e habitacional. Tais obstáculos, somados à transição para o ensino superior em tempos de pandemia, configuram um panorama complexo e desafiador. Diante desse cenário que é delineado, emerge a necessidade de políticas públicas que transcendam o acesso a educação, e que promovam a permanência, o cuidado com a saúde mental e o enfrentamento às desigualdades estruturais, como as violências de gênero às quais as mulheres estão sujeitas e o racismo epistêmico. Por isso, as políticas socioassistenciais, os projetos de extensão, intercâmbio, além dos vínculos entre as professoras, colegas, coletivos feministas, e a conexão com a florestalidade amazônica mostram-se peças fundamentais para a permanência e a promoção da saúde integral. Defende-se, enfim, uma abordagem ecofeminista e decolonial para transformar as realidades amazônidas, unindo justiça social e ambiental, além do reconhecimento das vozes dessas mulheres como agentes de transformação e resistência. Women in the Amazon have historically faced processes of exclusion and silencing, which are aggravated by geographic isolation. In addition, work overload and lack of pay make it difficult to access education, complete studies, and find employment, in addition to gender-based violence and subordination that affect the realities of Amazonian women. An intersectional perspective is therefore essential to consider the territorial context, also encompassing issues related to other social markers, such as gender, race, and class, which consequently makes it possible to amplify the voices of populations that have been silenced and oppressed throughout history. This research, therefore, analyzes the impacts of psychological and ethical-political suffering on reterritorialized and racialized Amazonian women who migrated from rural, quilombola, and indigenous communities to attend higher education in Amazonas. Here, reterritorialization is understood as the need for these women to move from their territories of origin to another, urban territory; and as racialized for not being white, therefore having the issue of color as an important social marker in their experiences, especially when considering their entry into the academic world, which is predominantly white. Starting from an intersectional perspective, it uses the concept of body-territory, for which there is an indissoluble relationship between bodies, stories, and land, and emphasizes the creation of spaces of resistance and valorization of ancestral knowledge. To this end, this work is based on qualitative, exploratory, and descriptive research, using the narratives of racialized and reterritorialized Amazonian women to understand how the impacts of psychological and ethical-political suffering were experienced in their higher education trajectories. The narratives refer, above all, to cycles of generational violence, sexual abuse, economic hardship, weakening of family ties, and food and housing insecurity. Such obstacles, added to the transition to higher education in times of pandemic, configure a complex and challenging panorama. Given this scenario, there is a need for public policies that go beyond access to education and promote permanence, mental health care, and the confrontation of structural inequalities, such as gender-based violence to which women are subjected and epistemic racism. Therefore, social assistance policies, extension projects, exchange programs, as well as links between teachers, colleagues, feminist collectives, and the connection with the Amazon forests are fundamental to permanence and the promotion of comprehensive health. Finally, an ecofeminist and decolonial approach is advocated to transform the realities of the Amazon, uniting social and environmental justice, in addition to recognizing the voices of these women as agents of transformation and resistance. FAPEAM - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas 2025-01-20T18:09:55Z 2024-12-06 Dissertação SILVA, Janaína Léia Passos da. Entre “Banzeiros”: Sofrimentos e resistências de mulheres amazônidas migrantes durante a trajetória de escolarização do Ensino Superior. 2024. 87 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus (AM), 2024. https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10610 por Acesso Aberto https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/ application/pdf Universidade Federal do Amazonas Faculdade de Psicologia Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Psicologia
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CIENCIAS HUMANAS
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description As mulheres na Amazônia, historicamente, enfrentam processos de exclusão e silenciamento, os quais são agravados pelo isolamento geográfico. Além disso, a sobrecarga de trabalho e a falta de remuneração dificultam o acesso à educação, a conclusão dos estudos e a empregabilidade, somados às violências de gênero e subordinações que afetam as realidades das mulheres amazônidas. A ótica interseccional, assim, é fundamental para considerar o contexto territorial, abarcando, também, questões relacionadas com marcadores sociais outros, tais como gênero, raça e classe, o que possibilita, consequentemente, amplificar as vozes de populações que no decorrer da História foram silenciadas e oprimidas. Esta pesquisa, portanto, analisa os impactos do sofrimento psíquico e ético-político em mulheres amazônidas reterritorializadas e racializadas, que migraram de comunidades rurais, quilombolas e indígenas para cursar o Ensino Superior no Amazonas. Aqui, entende-se como reterritorializadas pela necessidade que essas mulheres tiveram de se deslocar dos seus territórios de origem para um território outro, urbano; e como racializadas por não serem brancas, tendo, portanto, a questão da cor como marcador social importantes em suas vivências, especialmente quando se considera a entrada no mundo acadêmico, predominantemente branco. Partindo de uma perspectiva interseccional, vale-se do conceito de corpo-território, para o qual há uma relação indissolúvel entre corpos, histórias e terra, e enfatiza a criação de espaços de resistência e valorização de saberes ancestrais. Para tanto, este trabalho se pauta em uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, utilizando as narrativas das mulheres amazônidas racializadas e reterritorializadas para compreender de qual forma os impactos do sofrimento psíquico e ético-político foram experienciados nas suas trajetórias de escolarização no ensino superior. As narrativas se referem, sobretudo, aos ciclos de violência geracionais, abuso sexual, dificuldades econômicas, enfraquecimento de laços familiares, insegurança alimentar e habitacional. Tais obstáculos, somados à transição para o ensino superior em tempos de pandemia, configuram um panorama complexo e desafiador. Diante desse cenário que é delineado, emerge a necessidade de políticas públicas que transcendam o acesso a educação, e que promovam a permanência, o cuidado com a saúde mental e o enfrentamento às desigualdades estruturais, como as violências de gênero às quais as mulheres estão sujeitas e o racismo epistêmico. Por isso, as políticas socioassistenciais, os projetos de extensão, intercâmbio, além dos vínculos entre as professoras, colegas, coletivos feministas, e a conexão com a florestalidade amazônica mostram-se peças fundamentais para a permanência e a promoção da saúde integral. Defende-se, enfim, uma abordagem ecofeminista e decolonial para transformar as realidades amazônidas, unindo justiça social e ambiental, além do reconhecimento das vozes dessas mulheres como agentes de transformação e resistência.
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