A saliva humana é um líquido translúcido composto por diversos elementos responsáveis pela
proteção, reparação e hidratação da cavidade oral. Ela é produzida pelas glândulas salivares, circula entre os dentes e auxilia no preparo do bolo alimentar, além de regular o pH da
cavidade oral e contribuir para sua autolimpeza. A saliva desempenha um papel essencial nas
funções mastigatória, de fala e de deglutição, além de possuir atividades antibacteriana e
antifúngica. Considerando a condição de vida dos pacientes que enfrentam dificuldades para
se comunicar, mastigar e deglutir, os pesquisadores têm investido no uso de biomateriais e
materiais biocompatíveis para desenvolver produtos que proporcionem uma qualidade de vida
semelhante às funções naturais do organismo humano, inibindo ou limitando os distúrbios das
glândulas salivares. A gelatina é uma proteína derivada do colágeno, produzida por seres
vivos e classificada em três tipos, que se diferenciam por suas fontes e estruturas. Esses
diferentes tipos de gelatina oferecem uma ampla gama de propriedades a serem consideradas
no desenvolvimento de bioprodutos e formulações. Por outro lado, a região amazônica
apresenta uma diversidade de espécies vegetais ricas em propriedades bioativas, com funções
inibitórias, bactericidas, fungicidas, estimulantes e relaxantes. Um exemplo notável é o limão
(Citrus latifolia Tanaka), amplamente cultivado na região, que é rico em propriedades
bactericidas, fungicidas e estimulantes, devido ao ácido cítrico, entre outros compostos. Portanto este trabalho teve como objetivo realizar o estudo de estabilidade e a avaliação do
potencial bactericida de uma saliva artificial à base de gelatina e óleo essencial de limão tahiti
(Citrus latifolia Tanaka). O estudo de estabilidade e a avaliação do potencial bactericida da
formulação foram conduzidos em quatro etapas: (i) obtenção e caracterização do óleo
essencial de limão Tahiti, (ii) preparação da formulação, (iii) avaliação do potencial
bactericida da saliva artificial e (iv) estudo de estabilidade da emulsão. Como resultado, foi
possível obter o óleo essencial de limão tahiti, identificar as diversas propriedades benéficas à
saúde e determinar o prazo de validade do produto estado aberto com durabilidade de 20 dias
e de prateleira com 45 dias. O potencial bactericida confirmou parcialmente atividade do óleo
essencial contra Streptococcus pneumoniae e Burkholderia cepacia. A pesquisa possibilitou
determinar o prazo de validade da saliva artificial, tanto em condições de uso aberto quanto
em armazenamento em prateleira, além de avaliar o potencial bactericida da formulação. Portanto foi possível desenvolver uma saliva artificial como oferta paliativa para os indivíduos
que sofrem com xerostomia.
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