Dissertação

Irredentos do rio Arari: a luta camponesa pelo acordo de pesca e manejo do pirarucu na comunidade São João do Araçá, Itacoatiara - AM

A pesca é uma atividade fundamental para o campesinato amazônico, sendo central para as populações das áreas de várzea. A pesca integra saberes que conectam a cosmovisão local e o mundo do trabalho, delimitando territórios onde o conhecimento ecológico rege o uso e a conservação dos recursos pesquei...

ver descrição completa

Autor principal: Pinheiro, Francisco Igo Said
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/7043474157028028, https://orcid.org/0000-0002-4509-0631
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2025
Assuntos:
Acesso em linha: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10750
id oai:https:--tede.ufam.edu.br-handle-:tede-10750
recordtype dspace
spelling oai:https:--tede.ufam.edu.br-handle-:tede-107502025-03-11T05:09:03Z Irredentos do rio Arari: a luta camponesa pelo acordo de pesca e manejo do pirarucu na comunidade São João do Araçá, Itacoatiara - AM Irreconcilables of the Arari River: The Peasant Struggle for the Fishing Agreement and Pirarucu Management in the São João do Araçá Community, Itacoatiara, AM Pinheiro, Francisco Igo Said Cruz, Manuel de Jesus Masulo da http://lattes.cnpq.br/7043474157028028 http://lattes.cnpq.br/7823586856980212 Conceição, Francilene Sales da Nogueira, Amélia Regina Batista https://orcid.org/0000-0002-4509-0631 CIENCIAS HUMANAS: GEOGRAFIA: GEOGRAFIA HUMANA: GEOGRAFIA AGRARIA Acordo de pesca Território Campesinato Movimentos sociais Amazonas A pesca é uma atividade fundamental para o campesinato amazônico, sendo central para as populações das áreas de várzea. A pesca integra saberes que conectam a cosmovisão local e o mundo do trabalho, delimitando territórios onde o conhecimento ecológico rege o uso e a conservação dos recursos pesqueiros. No entanto, com o avanço de projetos tecnocráticos para o desenvolvimento da indústria pesqueira no Brasil, diversos territórios tradicionais foram explorados, gerando escassez e conflitos. Como resposta, o campesinato amazônico se organizou politicamente em torno do Movimento em Defesa do Peixe, buscando alternativas para a demarcação aquática e denunciando a histórica marginalização das populações do campo. No Amazonas, as mobilizações começaram na década de 1980, na Prelazia de Itacoatiara, reunindo pescadores das comunidades ribeirinhas do médio rio Amazonas. A Comunidade São João do Araçá, no rio Arari, em Itacoatiara–AM, identificou uma oportunidade nesses encontros para demarcar áreas tradicionais de pesca comunitária. O acordo de pesca do rio Arari, aprovado em 2008 após doze encontros comunitários, é resultado de uma mobilização popular que, desde o início, buscou transformar áreas de uso comum, frequentemente impactadas pela pesca ilegal, em espaços voltados à conservação da diversidade ictiofaunística e à preservação do modo de vida e das territorialidades de pesca. O Lago Babaçu foi escolhido pela comunidade para sediar o projeto de manejo sustentável do pirarucu, visando promover o repovoamento dessa espécie, essencial para os pescadores artesanais. Portanto, o foco desta pesquisa foi compreender a organização político-camponesa na definição do acordo de pesca e do manejo do pirarucu no rio Arari. Para isso, utilizou-se o método histórico-dialético, com a abordagem quali-quantitativa, mediante levantamento de dados primários da Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras, Artesãs e da Agricultura Familiar do Baixo Rio Arari (ASTA) e secundários (bibliografia especializada), além de atividades de campo para a realização de entrevistas. Foram consultados clássicos da Geografia que abordam território, Amazônia e campesinato, fornecendo suporte teórico para a análise. A estruturação dos capítulos foi baseada nas narrativas dos pescadores e lideranças comunitárias entrevistadas. Os Acordos de Pesca vão além da ótica institucional, respondendo a um movimento histórico de exclusão social vivido pelas populações camponesas. No rio Arari, o movimento em defesa do peixe atua há cerca de 50 anos, defendendo as territorialidades camponesas que historicamente marcam a identidade e o modo de vida dessas comunidades. Embora a luta popular tenha conquistado a institucionalização da demarcação da bacia hidrográfica, os moradores ainda enfrentam a escalada de conflitos aquáticos, resultantes da pressão de setores da indústria pesqueira sobre o Estado. Essa pesquisa contribui para entender a organização social e política das comunidades ribeirinhas, evidenciando a luta por direitos territoriais e pela preservação do modo de vida camponês na Amazônia, além de apontar para desafios futuros, como a necessidade de fortalecer a gestão e a proteção dos recursos pesqueiros diante das pressões externas. Fishing is a fundamental activity for the Amazonian peasantry, and is central to the populations of the floodplain areas. Fishing integrates knowledge that connects the local worldview and the world of work, delimiting territories where ecological knowledge governs the use and conservation of fishing resources. However, with the advance of technocratic projects for the development of the fishing industry in Brazil, various traditional territories have been exploited, generating scarcity and conflicts. In response, the Amazonian peasantry organized politically around the Movement in Defense of Fish, seeking alternatives to aquatic demarcation and denouncing the historical marginalization of rural populations. In Amazonas, the mobilizations began in the 1980s, in the Prelature of Itacoatiara, bringing together fishermen from the riverside communities of the middle Amazon River. The São João do Araçá Community, on the Arari River in Itacoatiara-AM, identified an opportunity in these meetings to demarcate traditional community fishing areas. The Arari River fishing agreement, approved in 2008 after twelve community meetings, is the result of popular mobilization which, from the outset, sought to transform areas of common use, often impacted by illegal fishing, into spaces aimed at conserving fish and wildlife diversity and preserving the fishing way of life and territorialities. Babaçu Lake was chosen by the community to host the sustainable pirarucu management project, with the aim of promoting the repopulation of this species, which is essential for artisanal fishermen. Therefore, the focus of this research was to understand the political and peasant organization in defining the fishing agreement and pirarucu management on the Arari River. To do this, we used the historical-dialectical method, with a qualitative-quantitative approach, by collecting primary data from the Association of Workers, Craftswomen and Family Farmers of the Lower Arari River (ASTA) and secondary data (specialized bibliography), as well as field activities to conduct interviews. Geographical classics on territory, the Amazon and peasantry were consulted, providing theoretical support for the analysis. The chapters were structured based on the narratives of the fishermen and community leaders interviewed. The Fishing Agreements go beyond the institutional perspective, responding to a historical movement of social exclusion experienced by peasant populations. On the Arari River, the movement in defense of fish has been active for around 50 years, defending the peasant territorialities that have historically marked the identity and way of life of these communities. Although the people's struggle has led to the institutionalization of the demarcation of the river basin, the residents still face the escalation of aquatic conflicts, resulting from pressure from sectors of the fishing industry on the state. This research contributes to understanding the social and political organization of riverside communities, highlighting the struggle for territorial rights and the preservation of the peasant way of life in the Amazon, as well as pointing to future challenges, such as the need to strengthen the management and protection of fishing resources in the face of external pressures. FAPEAM - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas 2025-03-11T03:47:31Z 2024-09-30 Dissertação PINHEIRO, Francisco Igo Said. Irredentos do rio Arari: a luta camponesa pelo acordo de pesca e manejo do pirarucu na comunidade São João do Araçá, Itacoatiara - AM. 2024. 237 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus (AM), 2024. https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10750 por Acesso Aberto https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/ application/pdf Universidade Federal do Amazonas Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Geografia
institution TEDE - Universidade Federal do Amazonas
collection TEDE-UFAM
language por
topic CIENCIAS HUMANAS: GEOGRAFIA: GEOGRAFIA HUMANA: GEOGRAFIA AGRARIA
Acordo de pesca
Território
Campesinato
Movimentos sociais
Amazonas
spellingShingle CIENCIAS HUMANAS: GEOGRAFIA: GEOGRAFIA HUMANA: GEOGRAFIA AGRARIA
Acordo de pesca
Território
Campesinato
Movimentos sociais
Amazonas
Pinheiro, Francisco Igo Said
Irredentos do rio Arari: a luta camponesa pelo acordo de pesca e manejo do pirarucu na comunidade São João do Araçá, Itacoatiara - AM
topic_facet CIENCIAS HUMANAS: GEOGRAFIA: GEOGRAFIA HUMANA: GEOGRAFIA AGRARIA
Acordo de pesca
Território
Campesinato
Movimentos sociais
Amazonas
description A pesca é uma atividade fundamental para o campesinato amazônico, sendo central para as populações das áreas de várzea. A pesca integra saberes que conectam a cosmovisão local e o mundo do trabalho, delimitando territórios onde o conhecimento ecológico rege o uso e a conservação dos recursos pesqueiros. No entanto, com o avanço de projetos tecnocráticos para o desenvolvimento da indústria pesqueira no Brasil, diversos territórios tradicionais foram explorados, gerando escassez e conflitos. Como resposta, o campesinato amazônico se organizou politicamente em torno do Movimento em Defesa do Peixe, buscando alternativas para a demarcação aquática e denunciando a histórica marginalização das populações do campo. No Amazonas, as mobilizações começaram na década de 1980, na Prelazia de Itacoatiara, reunindo pescadores das comunidades ribeirinhas do médio rio Amazonas. A Comunidade São João do Araçá, no rio Arari, em Itacoatiara–AM, identificou uma oportunidade nesses encontros para demarcar áreas tradicionais de pesca comunitária. O acordo de pesca do rio Arari, aprovado em 2008 após doze encontros comunitários, é resultado de uma mobilização popular que, desde o início, buscou transformar áreas de uso comum, frequentemente impactadas pela pesca ilegal, em espaços voltados à conservação da diversidade ictiofaunística e à preservação do modo de vida e das territorialidades de pesca. O Lago Babaçu foi escolhido pela comunidade para sediar o projeto de manejo sustentável do pirarucu, visando promover o repovoamento dessa espécie, essencial para os pescadores artesanais. Portanto, o foco desta pesquisa foi compreender a organização político-camponesa na definição do acordo de pesca e do manejo do pirarucu no rio Arari. Para isso, utilizou-se o método histórico-dialético, com a abordagem quali-quantitativa, mediante levantamento de dados primários da Associação dos Trabalhadores e Trabalhadoras, Artesãs e da Agricultura Familiar do Baixo Rio Arari (ASTA) e secundários (bibliografia especializada), além de atividades de campo para a realização de entrevistas. Foram consultados clássicos da Geografia que abordam território, Amazônia e campesinato, fornecendo suporte teórico para a análise. A estruturação dos capítulos foi baseada nas narrativas dos pescadores e lideranças comunitárias entrevistadas. Os Acordos de Pesca vão além da ótica institucional, respondendo a um movimento histórico de exclusão social vivido pelas populações camponesas. No rio Arari, o movimento em defesa do peixe atua há cerca de 50 anos, defendendo as territorialidades camponesas que historicamente marcam a identidade e o modo de vida dessas comunidades. Embora a luta popular tenha conquistado a institucionalização da demarcação da bacia hidrográfica, os moradores ainda enfrentam a escalada de conflitos aquáticos, resultantes da pressão de setores da indústria pesqueira sobre o Estado. Essa pesquisa contribui para entender a organização social e política das comunidades ribeirinhas, evidenciando a luta por direitos territoriais e pela preservação do modo de vida camponês na Amazônia, além de apontar para desafios futuros, como a necessidade de fortalecer a gestão e a proteção dos recursos pesqueiros diante das pressões externas.
author_additional Cruz, Manuel de Jesus Masulo da
author_additionalStr Cruz, Manuel de Jesus Masulo da
format Dissertação
author Pinheiro, Francisco Igo Said
author2 http://lattes.cnpq.br/7043474157028028
https://orcid.org/0000-0002-4509-0631
author2Str http://lattes.cnpq.br/7043474157028028
https://orcid.org/0000-0002-4509-0631
title Irredentos do rio Arari: a luta camponesa pelo acordo de pesca e manejo do pirarucu na comunidade São João do Araçá, Itacoatiara - AM
title_short Irredentos do rio Arari: a luta camponesa pelo acordo de pesca e manejo do pirarucu na comunidade São João do Araçá, Itacoatiara - AM
title_full Irredentos do rio Arari: a luta camponesa pelo acordo de pesca e manejo do pirarucu na comunidade São João do Araçá, Itacoatiara - AM
title_fullStr Irredentos do rio Arari: a luta camponesa pelo acordo de pesca e manejo do pirarucu na comunidade São João do Araçá, Itacoatiara - AM
title_full_unstemmed Irredentos do rio Arari: a luta camponesa pelo acordo de pesca e manejo do pirarucu na comunidade São João do Araçá, Itacoatiara - AM
title_sort irredentos do rio arari: a luta camponesa pelo acordo de pesca e manejo do pirarucu na comunidade são joão do araçá, itacoatiara - am
publisher Universidade Federal do Amazonas
publishDate 2025
url https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10750
_version_ 1831970423095427072
score 11.755432