Tese

Etnobotânica amazônica: estratégias de vida, uso e conservação de plantas medicinais

O presente trabalho teve como objetivo contribuir para o debate teórico sobre comunidades ribeirinhas na Amazônia, destacando as estratégias de vida, uso e conservação de plantas medicinais no Sudoeste do Amazonas. A tese está organizada em cinco capítulos, sendo assim, o primeiro capítulo foi reali...

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Autor principal: Cavalcante, Felipe Sant’Anna
Outros Autores: https://lattes.cnpq.br/2723540144012951, https://orcid.org/0000-0002-3765-9218
Grau: Tese
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2025
Assuntos:
Acesso em linha: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/10829
Resumo:
O presente trabalho teve como objetivo contribuir para o debate teórico sobre comunidades ribeirinhas na Amazônia, destacando as estratégias de vida, uso e conservação de plantas medicinais no Sudoeste do Amazonas. A tese está organizada em cinco capítulos, sendo assim, o primeiro capítulo foi realizado uma análise de estudos etnobotânicos publicados da Região Norte e sua relação com a sustentabilidade ambiental. O método utilizado foi o quali-quantitativo e foram analisados 14 artigos científicos no período de 2006 a 2020 e que utilizam as plantas para o tratamento e/ou cura de doenças como uma prática de preservação dos saberes tradicionais. Constatou-se que as espécies vegetais usadas com maior frequência foram os representantes das famílias Lamiaceae e Asteraceae; o segundo capítulo buscou traçar as tendências conceituais dessa área no Brasil utilizando-se de um levantamento bibliográfico, onde foram selecionados 12 trabalhos publicados no período de 1998-2022, disponíveis em bases de dados. De acordo com a pesquisa realizada, observou-se que há uma quantidade expressiva de pesquisadores e trabalhos disponíveis sobre este tema, e que estes auxiliam no fortalecimento e conhecimento sobre a Etnobotânica; no terceiro capítulo visou contribuir para o debate teórico sobre comunidades ribeirinhas na Amazônia, destacando as estratégias de vida, o uso e conservação de plantas medicinais. O levantamento de dados foi realizado através de uma pesquisa descritiva e exploratória no período de 2010-2020 em plataformas eletrônicas. Verificou-se sete trabalhos sobre percepção ambiental envolvendo plantas medicinais, e eles demonstraram que existem poucos estudos que abordam a percepção ambiental sobre plantas medicinais. Nos quarto e quinto capítulos foram realizados um levantamento etnobotânico em duas comunidades ribeirinhas do Sudoeste do Amazonas (comunidade Paraíso Grande - cap 4 e comunidade Paraizinho - cap 5). O critério de seleção dos entrevistados foi baseado na técnica “bola de neve”. Nas entrevistas buscou-se traçar o perfil socioeconômico e cultural das comunidades em estudo. Além disso, foram realizadas entrevistas com finalidade em saber o uso desses recursos vegetais. A coleta do material botânico foi realizada conforme procedimento padrão de herbário. Além disso, foi feito uma comparação da dinâmica em um cenário de mudanças ambientais a interrelação do conhecimento científico e popular das plantas medicinais entre as comunidades ribeirinhas. Verificou-se que nas duas comunidades estudadas, a maioria das entrevistadas é do gênero feminino, são famílias que ganham menos que um salário-mínimo, trabalham na roça/agricultura, e possuem a escolaridade com ensino fundamental incompleto. Foram citadas 74 espécies medicinais, sendo boldo, mastruz, hortelã, limão, capim santo e acerola, as mais representativas. Todas as entrevistadas utilizam-se das plantas medicinais no preparo de medicamentos para alívio ou cura de doenças e afirmaram cultivarem algumas dessas em seus quintais, que receberam os conhecimentos etnobotânicos repassados de seus familiares. Folha foi a parte das plantas medicinais mais utilizada e preparada em forma de infusão. Portanto, a pesquisa mostrou que o conhecimento etnobotânico está vivo nas comunidades, onde a sabedoria popular se expressa na escolha do local de obtenção, além de preservarem o conhecimento dessas plantas através do cultivo em seus quintais e matas, necessitando serem mais bem preservadas e conservadas.