Dissertação

Investigação experimental sobre a ecologia de gastrópodes do gênero Pomacea, PERRY 1810 (Gastropoda, Ampullariidae) da Região Amazônica

Os moluscos Ampullariidae estão divididos em nove gêneros sendo Pomacea o mais conhecido mundialmente. Cerca de 20 espécies do gênero Pomacea vivem no ecossistema amazônico sob a influência de um regime de pulsos de inundações. Tendo isso em vista, este estudo avaliou o comportamento diário e a infl...

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Autor principal: Watanabe, Timoteo Tadashi
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/1777941973252763
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2016
Assuntos:
Acesso em linha: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/4817
Resumo:
Os moluscos Ampullariidae estão divididos em nove gêneros sendo Pomacea o mais conhecido mundialmente. Cerca de 20 espécies do gênero Pomacea vivem no ecossistema amazônico sob a influência de um regime de pulsos de inundações. Tendo isso em vista, este estudo avaliou o comportamento diário e a influência do regime de água amazônico no comportamento de Pomacea bridgesii REEVE, 1856 como modelo. Adicionalmente, avaliou-se a resistência à dessecação por Pomacea amazonica REEVE, 1856 e P. bridgesii, para testar a hipótese de que os gastrópodes resistem à seca sazonal que ocorre na região. Os gastrópodes foram coletados entre maio de 2012 e junho de 2013 no Município de Itacoatiara, Amazonas, Brasil. A avaliação da atividade diária, seleção de substrato e simulação do pulso de inundação foram realizadas sob condições de luz e temperatura ambiente. Os comportamentos foram registrados em um etograma elaborado em experimentos preliminares. A atividade diária foi observada por 48 horas e as observações da simulação do pulso de inundação foram feitas em um período de 70 dias. No experimento de resistência à dessecação, os animais foram colocados em recipientes plásticos e pesados a cada 24 horas até a morte do animal; em seguida foram secos em estufa a 60ºC para a obtenção do peso seco. Os animais apresentaram mais atividade durante a noite quando até 80% dos indivíduos estavam explorando o ambiente e até 80% permaneciam imóveis durante o dia. Tanto para o dia como para a noite os gastrópodes utilizaram principalmente o substrato composto por seixo. Comparando a seleção entre o dia e a noite, parte dos animais que utilizavam o seixo durante o dia passou a usar substrato liso significantemente (X²=26,51; GL=3; P<0,05). O comportamento de P. bridgesii em relação à simulação do pulso de inundação mostrou diferença significativa entre a cheia e a seca e não houve diferença significativa entre os períodos da enchente e vazante. Quanto à resistência à dessecação, P. amazonica sobreviveu um tempo máximo de 314 dias e P. bridgesii 157. Não houve diferença da sobrevivência entre os sexos de ambas as espécies e nem quando comparado o tempo entre as espécies. A comparação entre tamanhos foi significativo para P. amazonica em que os indivíduos menores (5--|30 mm) apresentaram uma taxa de sobrevivência menor do que os indivíduos médios (30--|55 mm; H=13,33; GL=2; Z=2,78; P<0,05) e grandes (≥55 mm; H=13,33; GL=2; Z=3,11; P<0,05), e P. bridgesii, em que os indivíduos maiores (≥36 mm) apresentaram uma taxa de sobrevivência maior do que os indivíduos pequenos (12--|25 mm; H=14,40; GL=2; Z=3,42; P<0,05) e médios (25--|36 mm; H=14,40; GL=2; Z=2,90; P<0,05). As espécies apresentaram tendência de sobrevivência e de perda de água semelhantes apesar da diferença de tempo máximo de sobrevivência. Desse modo, pode-se concluir que P. bridgesii possui maior atividade durante a noite, teve maior uso do substrato composto por seixo durante o dia, mas durante a noite parte desse uso passou para o substrato liso relacionado a sua atividade noturna. Também mostrou adaptações ao complexo ecossistema amazônico, interrompendo as atividades e fechando seu opérculo para sobreviver aos longos períodos de seca que ocorrem na região amazônica. E tanto P. amazonica como P. bridgesii possuem elevada resistência à dessecação como parte de sua forma de adaptação suportando todo o período de seca e até mesmo secas de longa duração, evidenciando estarem adaptadas ao ambiente da várzea amazônica.