Tese

Macrofungos amazônicos produtores de fenol-oxidases para descoloração de corantes têxteis

Os efluentes produzidos pela indústria têxtil apresentam coloração intensa causando grande impacto em corpos d’agua. Os métodos utilizados no tratamento desses rejeitos industriais são, muitas vezes, ineficazes, sendo necessário buscar novas estratégias mais eficientes. Uma destas, a biodegradação,...

ver descrição completa

Autor principal: Costa, Jéssica Souza da
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/6894177255535649
Grau: Tese
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2016
Assuntos:
Acesso em linha: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5090
Resumo:
Os efluentes produzidos pela indústria têxtil apresentam coloração intensa causando grande impacto em corpos d’agua. Os métodos utilizados no tratamento desses rejeitos industriais são, muitas vezes, ineficazes, sendo necessário buscar novas estratégias mais eficientes. Uma destas, a biodegradação, consiste no uso de microrganismos ou suas enzimas na degradação dos corantes presentes nos efluentes industriais. Neste trabalho foi estudada a produção de enzimas fenol-oxidases por Auricularia sp., Coriolopsis sp. e Lentinus crinitus em cultivo líquido e em estado sólido durante 14 dias. A caracterização enzimática de lacases foi realizada com as amostras que apresentaram os picos de atividade enzimática para cada um dos isolados selecionados, em cultivo em estado sólido e submerso. Para avaliar o potencial de descoloração, 23 corantes foram expostos a ação enzimática durante 72 h. Para este teste foram selecionadas as amostras com maior atividade de lacase. Após a degradação enzimáticas, foram realizados ensaios de toxicidade dos efluentes com Daphnia magna. No cultivo em estado sólido a maior produção de lacase (502, 7 U/g) foi dosada no substrato marupá por Auricularia sp. No cultivo líquido, Coriolopsis sp. obteve maior atividade (567,14 Ul/ml). As lacases obtidas do cultivo líquido apresentaram temperatura ótima de 45 oC, enquanto a maiores atividades de lacases foram entre 35o C e 45 o C, para cultivo em estado sólido. Quanto ao pH, em tampão acetato de sódio as maiores atividades ficaram entre 4, 0 - 4, 5. No tampão McIlvaine ficaram entre 3, 0 - 4,0. No teste de descoloração, os extratos enzimáticos de Coriolopsis sp. e L. crinitus degradaram os corantes Brillante green e Bromocresol green. Os corantes Acid Blue 80, Remazol brillant blue, Azul Reativo Kn, Reactive blue 220 e Acid green, da classe antraquinona, após tratamento com lacases de L. crinitus descoloriram quando comparados ao controle. Os extratos de lacase não foram eficientes na degradação dos azocorantes, apenas o Congo red foi degradado por lacases de Auricularia sp. e L. crinitus. Para o ensaio de toxicidade foram utilizados os extratos brutos de cultivo líquido dos três Agaricomycetes. Os resultados obtidos nos ensaios de toxicidade aguda sobre D. magna permitem demonstrar que após ação das enzimas sobre o corante RBBR a solução com maior nível de toxicidade foi a de Coriolopsis sp. (Fator de toxidade FT= 32), seguida por L. crinitus (FT= 16) e Auricularia sp. (FT= 8). Por outro lado a solução com RBBR não apresentou morte dos indivíduos a partir da concentração de 50% (FT=2). Tal fato demostra que o corante puro foi menos tóxico do que quando degradado pelas enzimas fúngicas. Deste modo a remoção da cor de um efluente não pode ser interpretada como detoxificação. Os resultados indicam o potencial de Auricularia sp., Coriolopsis sp. e L. crinitus para aplicação industrial e constituem o ponto de partida para a utilização de lacases provenientes destas linhagens em processos de remoção de corantes de efluentes têxteis.