Dissertação

Toxicidade aguda de agrotóxicos e Curva de Sensibilidade de espécies para peixes amazônicos

A Amazônia vem sendo alvo de contaminação ambiental pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, colocando não só em risco a biodiversidade e abundância de organismos aquáticos, mas também o funcionamento e sustentabilidade desse ecossistema. Pouco se sabe a respeito dos efeitos dessas substâncias em esp...

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Autor principal: Souza, Thayana Cruz de
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/1915511415927481
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2016
Assuntos:
Acesso em linha: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5277
Resumo:
A Amazônia vem sendo alvo de contaminação ambiental pelo uso indiscriminado de agrotóxicos, colocando não só em risco a biodiversidade e abundância de organismos aquáticos, mas também o funcionamento e sustentabilidade desse ecossistema. Pouco se sabe a respeito dos efeitos dessas substâncias em espécies amazônicas, a maioria dos estudos ecotoxicológicos são desenvolvidos com espécies de ambiente temperado que, por sua vez, são extrapolados para as regiões tropicais. Além disso, os valores máximos permitidos para diversas substâncias em uso no Brasil não estão estabelecidos em lei. O presente trabalho teve como proposta determinar a toxicidade aguda de quatro agrotóxicos em cinco espécies de peixes amazônicos (Carnegiella strigata, Colossoma macropomum, Corydoras schwartzi, Hemigrammus rhodostomus e Paracheirodon axelrodi), permitindo delinear corretamente estratégias para sua proteção com base na utilização do método de distribuição de sensibilidade de espécies e sugerir valores máximos permitidos para cada agrotóxico. Primeiramente, foi determinada a Concentração Letal Mediana (CL50) dos agrotóxicos, testados individualmente para as cinco espécies. Em seguida, foram determinadas as concentrações de risco que afetam 5% das espécies (HC5) utilizando o conceito de Distribuição de Sensibilidade de Espécies (DSE) comparando os dados obtidos neste estudo com dados de espécies de peixes de ambiente temperado obtidos da literatura. Os valores máximos permitidos para cada agrotóxico em ambientes aquáticos na Amazônia foram propostos. Com base nos resultados da CL50, a deltametrina apresentou maior toxicidade aos peixes, seguido pelo glifosato, diuron e imidacloprido. C. strigata foi uma das espécies mais sensíveis à exposição dos agrotóxicos, enquanto que C. schwartzi apresentou mais resistência, com valores de CL50 mais elevados. Não houve diferença significativa na distribuição de sensibilidade entre as espécies amazônicas e temperadas. Os valores de HC5 gerados com a construção das DSEs foram propostos como ponto partida para a formulação dos padrões de qualidade de água na região amazônica, no que diz respeito ao grupo dos peixes, sendo os valores máximos sugeridos para deltametrina, imidacloprido, glifosato e diuron: 0,242 μg/L, 14.56 μg/L, 177,00 μg/L, 1.27 μg/L, respectivamente. Portanto, esse trabalho é um dos pioneiros na realização de testes de toxicidade com agrotóxicos em peixes amazônicos, dessa forma, contribui para ampliar o conjunto de dados ecotoxicológicos e pode ser utilizado como ponto de partida para as discussões envolvendo a determinação de valores máximos permitidos de substâncias tóxicas para os ambientes aquáticos da Amazônia.