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Dissertação
Mudanças não-lineares na abundância de guildas tróficas e na composição de espécies de morcegos com a distância ao riacho determinam a largura da zona ripária para morcegos
A largura das zonas ripárias e sua conservação tem sido assunto de discussões no meio científico e político. O Código Florestal Brasileiro (CFB), que regulamenta a criação de Áreas de Proteção Permanente, determina a proteção de até 30 m de vegetação ripária em ambos os lados de pequenos riachos....
Autor principal: | Pereira, Lucas Gabriel do Amaral |
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Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/4327928912878215 |
Grau: | Dissertação |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2016
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Assuntos: | |
Acesso em linha: |
http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5306 |
Resumo: |
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A largura das zonas ripárias e sua conservação tem sido assunto de discussões no meio
científico e político. O Código Florestal Brasileiro (CFB), que regulamenta a criação de Áreas
de Proteção Permanente, determina a proteção de até 30 m de vegetação ripária em ambos os
lados de pequenos riachos. Estudos realizados na Amazônia Central verificaram que esta
largura não é eficiente em preservar a biodiversidade de alguns grupos animais e vegetais e
processos ecossistêmicos associados a eles. Nós investigamos a influência da distância ao
riacho sobre a abundância, número e composição de espécies e guildas tróficas de morcegos.
A nossa hipótese é que a assembleia de morcegos muda com a distância ao riacho. Nós
acreditamos que essa mudança se dê no nível de composição de espécies com o aumento da
abundância, principalmente dos morcegos frugívoros e nectarívoros, nas áreas próximas aos
riachos. Morcegos foram capturados com redes de neblina em 24 parcelas ripárias e 25
parcelas não-ripárias inseridas em uma grade de trilhas em uma floresta primária de terra
firme a nordeste de Manaus, Estado do Amazonas, Brasil. Cada parcela foi amostrada três
vezes, totalizando 7.056 horas-rede. Ao total foram capturados 1.138 morcegos, distribuídos
em cinco famílias e 51 espécies, compondo cinco guildas tróficas. Utilizamos seleção de
modelos por AIC (Akaike Information Criterion) nas regressões lineares e piecewise para
estimar a existência de um limiar ecológico para a assembleia de morcegos. Para abundância
de animalívoros e frugívoros, composição quantitativa e qualitativa de espécies e composição
de guildas tróficas os modelos piecewise com um ponto de quebra foram mais parcimoniosos
e tiveram maior peso do que os modelos lineares. A abundância dos morcegos animalívoros
foi maior na região próxima ao riacho até 181 m e a abundância de morcegos frugívoros
diminuiu até 50 m. Essa mudança na abundância de animalívoros sugere que áreas de
forrageio mais afastadas do riacho devem fornecer alimento suficiente para manter maior
número de indivíduos dessa guilda trófica e o inverso deve acontecer para os frugívoros. A
largura da zona ripária reconhecida pelas espécies de morcegos foi de 114 m de distância ao
riacho e foi dada pelo modelo de composição qualitativa. Considerando essa largura, as
prescrições do CFB para proteção de 30 m de floresta em APP’s ripárias com riachos de até
10 m não incorporam a composição das espécies de morcegos de áreas ripárias. O
desmatamento da vegetação depois de 30 m permitido pela legislação reduz 380% do habitat
de floresta ripária necessário para a manutenção da assembleia de morcegos em zonas
ripárias. Limiares ecológicos obtidos de estudos de comunidades em florestas primárias,
combinados com descritores da paisagem apropriados à ecologia de espécies vegetais e
animais devem constituir uma estratégia eficiente para prever a largura de habitats ripários
necessária à preservação da biodiversidade. |