Dissertação

Entre a terra e a água: modo de vida camponês no médio Rio Amazonas, Parintins-AM

O camponês do qual trata este trabalho tem sua formação a partir de interesses tanto locais, quanto exógenos à Amazônia, diante a expansão capitalista. Esse camponês é entendido enquanto uma contradição do capital, pois, ao se reproduzir, também reproduz formas não capitalistas de produção. Ao parti...

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Autor principal: Nacimento, Dilson Gomes
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/6991323065230225
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2016
Assuntos:
Acesso em linha: http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5354
Resumo:
O camponês do qual trata este trabalho tem sua formação a partir de interesses tanto locais, quanto exógenos à Amazônia, diante a expansão capitalista. Esse camponês é entendido enquanto uma contradição do capital, pois, ao se reproduzir, também reproduz formas não capitalistas de produção. Ao partir dessa prerrogativa, acredita-se que a formação social dos camponeses-ribeirinhos, no Médio rio Amazonas, em Parintins-AM, tenha sido influenciada tanto por questões internas quanto externas ao mundo vivido de seus sujeitos. Este trabalho pretende, por meio de seu objetivo geral, compreender o modo de vida e a organização social da produção agrícola familiar nas comunidades Santa Rita do Boto e São Sebastião do Boto, Médio rio Amazonas, Parintins-AM. Estas localidades possuem um histórico de ocupação antigo, que remonta ao século XIX. Por meio da periodização procurou-se identificar os diferentes momentos históricos que concorrem de modo significativo para a formação/consolidação do camponês no Médio rio Amazonas. Também, ao se entender o camponês enquanto um modo de vida, buscou-se conhecer como os camponeses-ribeirinhos têm se reproduzido e, quais transformações sócio-espaciais ocorreram no Médio rio Amazonas e como impactaram as territorialidades camponesas no ambiente de várzea. Observou-se que as transformações socioeconômicas ocorridas com a desvalorização econômica dos produtos extrativos e da juta, por volta do terceiro quartel do século XX, impulsionaram modificações importantes na várzea como a maior pressão sobre os recursos ictiofaunísticos, além da expansão da pecuária sobre a restinga alta da várzea e sobre a terra firme, acompanhada da agricultura de ciclo curto. Observou-se que tanto a pesca quanto a pecuária apresentaram mudanças significativas com a afirmação de antigas e/ou com o surgimento de novas territorialidades. Mesmo diante das transformações econômicas os camponeses-ribeirinhos têm mantido uma intensa relação não apenas com a terra, mas também com a água para a obtenção de renda e de alimentos, característica importante que ao longo de todos os períodos analisados contribuíram para a permanência camponesa no campo. Por fim, verificou-se que o modo de vida camponês tem sido mantido não apenas em sua relação com a terra-água, suas práticas econômicas, mas também, por meio de suas práticas culturais, a solidariedade, a sociabilidade, a religiosidade, seja por meio da intervenção da Igreja Católica com a organização das comunidades e os festejos dos santos padroeiros, seja por meio da manutenção de antigas práticas que possibilitam a resistência e a permanência camponesa no campo.