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Dissertação
Interação homem e animal de estimação: um estudo acerca da posse de animais silvestres na cidade de Lábrea – AM
Em diferentes regiões do Brasil, é possível verificar a presença de espécimes da fauna silvestre como animais de estimação nas residências, mesmo nas áreas urbanas. Embora haja uma legislação ambiental peculiarmente restritiva sobre a posse de espécies silvestres, além de campanhas promovidas pel...
Autor principal: | Canto, Delana de Souza |
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Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/0463648548840044 |
Grau: | Dissertação |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2017
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Assuntos: | |
Acesso em linha: |
http://tede.ufam.edu.br/handle/tede/5578 |
Resumo: |
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Em diferentes regiões do Brasil, é possível verificar a presença de espécimes da
fauna silvestre como animais de estimação nas residências, mesmo nas áreas urbanas.
Embora haja uma legislação ambiental peculiarmente restritiva sobre a posse de espécies
silvestres, além de campanhas promovidas pelos órgãos de proteção que visam dar
orientação aos compradores e a sociedade, a posse ilegal ainda é um problema que se
prolonga no tempo. No Amazonas, essa realidade pode ser evidenciada no cotidiano tanto
das cidades como das zonas rurais. Nesse sentido, este trabalho teve como objetivo geral
compreender por que as pessoas continuam criando animais silvestres como animais de
estimação na cidade de Lábrea, no Amazonas. Para estudo de campo, foram aplicados
formulários e realizadas entrevistas individuais com 65 donos de animais e também com
04 agentes do setor da proteção ambiental. Após a coleta de dados em campo, os mesmos
foram organizados em planilhas no programa Excel, analisados e interpretados. As
informações mais subjetivas do formulário foram sintetizadas por meio de tabelas e
gráficos, o que requereu primeiramente a análise dos discursos e o agrupamento das ideias
veiculadas em categorias mais simples. Tabelas e ilustrações foram feitas com intuito de
descrever e resumir os dados. Após análise, evidenciou-se que todos os motivos que
influenciaram na decisão de criar animais silvestres para estimação são antropocêntricos,
pois posicionam o homem como principal destaque na relação entre o homem e animal e
considerando o primeiro acima do segundo. A posse representa uma prática ligada ao
costume local, pois independentemente do nível escolar ou condição social, a maioria dos
entrevistados afirmou que “sempre teve animal silvestre por perto”. Isso significa que,
desde cedo, tiveram esse tipo de contato, através dos pais, amigos ou vizinhos. Nesta
perspectiva, a posse pode ser fruto dos costumes intrínsecos à cultura e aos modos de vida
locais. Em relação às campanhas de informações, a maior parte não tem conhecimento a
esse respeito, por parte de nenhuma instituição. Na perspectiva dos entrevistados, as
proibições do IBAMA (como a posse para estimação sem autorização legal e aquisição
de criadouro autorizado) acerca da posse ilegal não possuem justificativas razoáveis, pois
não fazem distinção entre a posse oriunda de tráficos diversos (julgada imoral e com
impacto negativo para os animais) e a posse de escala local (julgada não prejudicial para
os animais). Outros acreditam que as proibições beneficiam apenas o governo, por meio
de seus órgãos e limitam a posse legalizada às classes sociais privilegiadas. De forma
geral, observou-se que os riscos sociais, sanitários e ambientais inerentes à posse de
animais silvestres são desconhecidos pelos criadores. Mais da metade dos participantes
não associa a posse com consequências para os animais, nem para a sociedade ou ao
ambiente como um todo. Para alguns, isso se deve ao desconhecimento sobre os temas
abordados na pesquisa, especialmente no que tange aos riscos de zoonose. Todavia, para
os problemas relacionados aos animais ou ao ambiente, alguns donos pareceram estar
cientes, mas preferem ignorá-los ou minimizá-los. Nessa conjuntura, entende-se que a
resolução da questão da posse ilegal só terá progressos quando os órgãos de defesa do
ambiente forem atuantes na localidade, de forma que sejam capazes de fiscalizar, cobrar
a aplicação da lei, e sobretudo, de tornar a sociedade local ciente das consequências que
a posse pode trazer a médio e longo prazo nos seus diversos enfoques. |