O sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), primata endêmico da região de Manaus, tem como
principais ameaças a sua preservação a destruição e fragmentação da floresta. A cidade de
Manaus tem inúmeros fragmentos florestais onde grupos de S. bicolor vivem períodos de
interação com a população humana, através do compartilhamento de recursos. O estudo teve
como objetivo investigar os tipos de interações entre moradores e sauins em quintais próximos a
fragmentos florestais urbanos e verificar quais as implicações dessas interações para a
conservação da espécie. Além disso, foram identificadas as espécies frutíferas presentes nos
quintais dos moradores que também são utilizadas pelos sauins como alimento. As áreas de
estudo foram sete fragmentos florestais distribuídos ao longo da cidade de Manaus: Mundo
Novo, Conjunto Castanheiras, Francisca Mendes, Parque Sumaúma, Novo Cidadão, Nova Cidade
e Cidade Nova. A pesquisa, de caráter descritivo-exploratório, teve como metodologia a
utilização de questionário, com questões semi-estruturadas. Para a definição das tipologias de
interações foram consideradas quatro categorias: percepção, atitude, pro-ativismo e cultivo, que
mostram as diferentes maneiras da população humana interagir com o sauim. Os resultados
demonstraram que 85% dos moradores têm opinião positiva quanto à presença do animal e que as
interações entre humanos e sauins são: cooperação (55%), afetividade (20%), neutralidade (11%),
amansamento (8%) e competição (6%). Do total de espécies frutíferas registradas nos quintais,
54% são compartilhadas entre população humana e sauim-de-coleira, o que mostra a importância
dessas espécies cultivadas para ambos. Foram registradas 26 espécies frutíferas, sendo as mais
frequentes: Musa sp (banana) 14,11%, Malpighia sp (acerola) 9,31%, Inga sp (ingá) 9,31%,
Persea sp (abacate) 7,51% e Annarcadium sp (caju) 6,01%. Nesse contexto, analisar essas
interações entre população humana e sauim-de-coleira representa um dos grandes passos para
planejamentos de programas de educação ambiental, que favoreçam a coexistência entre a
população humana e o primata e atinjam os objetivos de manejo e conservação da espécie nas
áreas verdes ainda restantes na cidade.
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