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Tese
Agroecossistemas amazônicos: o valor das florestas
Compreender as estratégias para a conservação dos agricultores familiares da Comunidade Boa Esperança localizada no município de Autazes/AM, foi o objetivo central desse estudo. Para tanto, foram realizadas análises sobre o sistema ambiental das áreas de uso, em seus aspectos „eco-bio-sócio‟cultu...
Autor principal: | Canalez, Geise de Góes |
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Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/8966529345366877 |
Grau: | Tese |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2018
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Assuntos: | |
Acesso em linha: |
https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/6468 |
Resumo: |
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Compreender as estratégias para a conservação dos agricultores familiares da Comunidade
Boa Esperança localizada no município de Autazes/AM, foi o objetivo central desse estudo.
Para tanto, foram realizadas análises sobre o sistema ambiental das áreas de uso, em seus
aspectos „eco-bio-sócio‟cultural. Os conceitos de bens comuns, agroecossistemas amazônicos,
conservação ambiental, valor e „auto-eco-organização‟ foram referências teóricas para
compreensão das ações estratégicas de conservação. Para tanto se utilizaram do estudo de
caso com a utilização de múltiplos instrumentos de coleta de dados e informações, tendo
como base epistemológica o paradigma dialético da complexidade sistêmica. Foram utilizadas
entrevistas informais, com roteiro prévio e histórias de vida, inventários etnobiológicos,
trilhas culturais e mapeamento geográfico, complementarmente com a observação sistemática
do sistema ambiental das áreas de uso apontadas pelos sujeitos da pesquisa, durante dezembro
de 2014 a fevereiro de 2018. As análises indicaram que modo de vida das sociedades
amazônicas, assim como da comunidade Boa Esperança, está intimamente ligado aos
agroecossistemas onde são praticados os cultivos agrícolas, os extrativismos de flora e fauna,
a pesca, a criação de animais, preponderantes para a sustentabilidade ambiental nessas áreas.
As atividades de sobrevivência, de conservação da agrobiodiversidade inter e intraespecíficas
e as formas de geração de renda possibilitam a manutenção de grande parte da cobertura
vegetal natural por meio do manejo de plantas nativas e cultivadas. Ao desenvolverem
técnicas e procedimentos de manejo utilizando as espécies e transformando as paisagens de
acordo com as necessidades os agricultores promovem a conservação e a sustentabilidade
ambiental. Ao reconhecer, compartilhar e transmitir geracionalmente o saber sobre os bens
comuns, as famílias estabelecem outra economia, que garante a gestão da abundância e não da
escassez. Entretanto, os dados transcritos indicaram limitações para a conservação devido às
fragilidades nas políticas públicas agropecuárias e sociais, indicando a pressão do capital na
mobilização da força de trabalho, e a expansão da introdução frentes de apoio à agropecuária
intensiva de animais de grande porte, bovinos e bubalinos, gerando perdas ambientais como a
incidência de focos de calor, incêndios florestais e desmatamento nas áreas circunvizinhas às
áreas de uso dos agricultores. Como estratégias de resistência na manutenção de suas
unidades produtivas, os agricultores têm buscado desenvolver atividades diversas, geradoras
de renda não monetária e monetária, caracterizando a pluriatividade, no sentido de, entre os
estados de ordem e desordem desencadeados pelas interferências econômicas, sociais e
ambientais, promoverem continuamente uma reconstrução cultural. Desse modo, as análises
das transformações das paisagens e das estratégias de conservação evidenciadas nesta tese
trazem informações importantes sobre conservação ambiental, sobretudo um melhor
entendimento sobre o valor utilitário dos bens comuns e como os múltiplos usos desses bens
conferem o verdadeiro valor da floresta na Amazônia, propondo um novo olhar sobre o
sistema econômico amazônico inserindo emergindo a etnoeconomia das populações humanas
e povos amazônicos. |