Este estudo propõe uma análise do filme Órfãos do Eldorado, de Guilherme Coelho,
lançado no cinema em 2015. O objetivo é apresentar como foi recontada uma
história, que a partir da memória, personagens e espaços são constituídos
visualmente e sonoramente. O personagem principal é enredado pela cultura
amazônica a partir do momento em que ouve as lendas na voz de Florita. A partir
deste momento, o filme vai construindo a rede que enlaça Arminto: rio, personagens,
histórias, floresta e sua memória, este, um espaço em que se misturam a realidade e
o imaginário das lendas. Inicialmente, buscou-se demonstrar a escolha adotada por
Coelho em seu processo de criação do filme. Em seguida, apresenta-se o construto
teórico que servirá como base para a análise da construção da obra fílmica. Para
isso, utilizou-se conceitos da teoria da memória de Jacques Le Goff (1990), Maurice
Halbwachs (1990), Michael Pollak (1992), em especial às noções de memória
individual e memória coletiva. Para criar o encantamento da cultura amazônica,
supomos que Coelho tenha se valido das imagens emblemáticas - rios e florestas -
para simbolizar o imaginário, o impossível, o subjetivo, características das lendas
amazônicas. Assim, nos apoiaremos também no discurso de João de Jesus Paes
Loureiro (2007) sobre a Amazônia, na tentativa de dialogar a linguagem
cinematográfica com a linguagem amazônica. O filme Órfãos do Eldorado nos traz
uma Amazônia ainda enigmática e encantada. E isso se deve, em parte, ao trabalho
realizado com as imagens e sonoridade que dão a narrativa uma ambientação
enigmática. Classificamos a produção de Guilherme Coelho como um Cinema
sugestivo, pois proporciona ao espectador uma catarse emocional e poética em
comunhão com o contexto amazônico.
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