A pujante bacia amazônica entalhada no manto da maior floresta tropical do mundo
é, e sempre será, matéria de fascínio e estudo. O presente trabalho restringe-se ao
perímetro compreendido pela Costa do Rebojão, Ilha do Xiborena e Costa da Terra
Nova, trecho onde ocorre o encontro das águas dos rios Solimões-Amazonas e Negro
nas proximidades da cidade de Manaus, no período de 1952 a 2016. As imbricações
de fatores naturais e antrópicos perfazem uma geografia ampliada e complexa desta
parte da Amazônia brasileira, representada pelo recorte espacial escolhido nesta
pesquisa. Geologia, geomorfologia, hidrografia, fatores climáticos e a dinâmica fluvial,
por assim dizer, estabelecem às condições de uma natureza que muda
constantemente, trazendo consigo a contradição que envolve a perda de terras pelos
processos erosivos, cuja expressão maior neste contexto são as terras caídas, que
geram perdas, mas igualmente geram o ganho advindo da deposição que a própria
dinâmica fluvial possibilita. Isto está na base de uma visão sistêmica da natureza, cujo
resultado é uma geografia em constante mudança, múltipla e complexa, de uma
relação intrínseca entre sociedade e natureza. Apoiado em dados primários e
secundários, especialmente, na análise temporal proveniente do geoprocessamento
de imagens satelitais, foi observada a intensidade do processo de erosão e deposição.
A pesquisa permitiu concluir que ocorreram mudanças significativas na morfometria
da área de estudo, em particular na inflexão do ângulo da confluência, fato que foi
acompanhado por massiva erosão da Costa do Rebojão e deposição de sedimentos
na Costa da Terra Nova e ilha do Xiborena. A morfodinâmica em questão impactou, e
continua a impactar a organização socioespacial da população ribeirinha. Este
trabalho, além de servir de base para futuras pesquisas, reforça a dialética homemnatureza,
cerne da geografia física e humana.
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