A onicomicose é uma infecção fúngica de distribuição mundial que causa a destruição da unha (dano
estético) e pode prejudicar a qualidade de vida social do paciente, interferindo na sua auto-estima e
capacidade funcional. Os principais agentes causadores da doença são a Candida albicans e o
Trichophyton rubrum. Atualmente, a resistência fúngica aos fármacos presentes no mercado é uma
problemática que vem estimulando a pesquisa por novos medicamentos para o tratamento dessa
infecção, e os óleos essenciais tem revelado conter substâncias potencialmente antifúngicas. Sendo
assim, este trabalho teve como principal objetivo desenvolver formulações microemulsionadas contendo
óleos essenciais para o tratamento de onicomicoses. Inicialmente, testou-se a atividade dos óleos
essenciais de oito plantas: Aniba parviflora, Aniba rosaeodora, Aniba canelilla, Ocotea cymbarum,
Melissa officinalis (erva-cidreira), Cymbopogon citratus (capim-limão), e Cinnamomum camphora,
frente a cepas ATCC de T. rubrum e C. albicans. O método adotado foi a microdiluição em caldo. Os
óleos mais ativos contra os fungos foram os de M. officinalis (m) e C. citratus (c), que apresentaram
concentrações inibitórias mínimas (CIMs) entre 400 e 800 μg.mL-1 e, por isso, foram selecionados para
serem incorporados nas microemulsões (MEs). Antes, realizou-se o teste de miscibilidade para verificar
se tais óleos essenciais seriam miscíveis nos insumos escolhidos para compor os sistemas. Então, foram
preparadas bases microemulsionadas com diferentes combinações de tensoativos (Tween® 20, Tween®
80 e Kolliphor® EL), cotensoativos (Trascutol® P e os álcoois etílico e isopropílico), fase oleosa (ácido
oleico) e água, cujas proporções foram determinadas pela construção de diagramas de fases
pseudoternários, os quais também possibilitaram a escolha das melhores regiões de MEs. Os óleos (m e
c) foram, então, incorporados como fases oleosas nas formulações bases, obtendo-se um total de vinte
MEs que foram submetidas novamente a ensaio antifúngico a fim de verificar e comparar a atividade
das MEs bases com as MEs contendo os óleos essenciais frente aos patógenos estudados. Assim,
selecionou-se as cinco MEs com maior ação antifúngica – todas contendo o óleo m (Bm, Em, Gm, Hm, e
Im) – e realizou-se ensaios físico-químicos e de citotoxicidade. As formulações Gm e Hm foram
consideradas as melhores, pois, na caracterização físico-química, seus valores de viscosidade indicaram
boa fluidez (Gm: 10,43 cP e Hm: 9,0 cP); transparência, visto que apresentaram índices de refração (Gm:
1,380 e Hm: 1,379) e transmitâncias (Gm: 99,50% e Hm: 99,23%) próximos aos da água; os valores de
condutividade elétrica confirmaram que são MEs do tipo O/A (Gm: 55,7 µS.cm-1 e Hm: 76,8 µS.cm-1); os
tamanhos de suas gotículas (Gm: 81,9 nm e Hm: 108,0 nm), seus índices de polidispersão (Gm: 0,239 e
Hm: 0,215) e os valores de potencial zeta (Gm: -0,50 mV e Hm: -4,73 mV) confirmaram suas estabilidades;
e seus valores de pH (Gm: 4,39 e Hm: 4,13) foram compatíveis com o da pele e da unha. O teste de
citotoxicidade foi realizado em fibroblastos de pulmão humano e constatou-se que as MEs Gm e Hm são
atóxicas (CI50% > 50 µg.mL-1). Portanto, o estudo obteve duas promissoras formulações
microemulsionadas para o tratamento tópico de onicomicoses causadas por T. rubrum e C. albicans.
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