Dissertação

A violência contra as mulheres como um problema de saúde pública: o acesso e a interface de gênero na saúde em Parintins-AM

Este estudo assumiu o propósito de verificar em que sentido a violência contra as mulheres é percebida como problema de saúde no município de Parintins, no Amazonas, dando destaque ao acesso das mulheres aos serviços públicos de saúde. A violência contra as mulheres se configura como uma das express...

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Autor principal: Teixeira, Tainá Abecassis
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/1562210540987835
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2019
Assuntos:
Acesso em linha: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7042
Resumo:
Este estudo assumiu o propósito de verificar em que sentido a violência contra as mulheres é percebida como problema de saúde no município de Parintins, no Amazonas, dando destaque ao acesso das mulheres aos serviços públicos de saúde. A violência contra as mulheres se configura como uma das expressões da questão social de caráter multidimensional, produtora de sofrimento e danos às mulheres. Trata-se de um fenômeno inscrito em relações socioculturais perpassadas por desigualdades de gênero que tendem a ser invisibilizadas e naturalizadas na sociedade. A pesquisa está situada no âmbito das abordagens qualitativas sem exclusão dos aspectos quantitativos, com utilização da técnica de entrevista semiestruturada dirigida a profissionais de saúde, militantes de movimentos de mulheres/feministas e a mulheres em situação de violência. A observação de campo e as conversas informais também foram valorizadas no intuito de verificarmos o nível de efetividade e de acesso ao sistema de saúde. A pesquisa constata as dificuldades do setor de saúde em operacionalizar a atenção às mulheres em situação de violência numa perspectiva de integralidade, na medida em que as representações e práticas profissionais ainda priorizam o olhar sobre os impactos físicos e psicológicos de maior evidência nos serviços de emergência, com poucas ações voltadas para a prevenção, revelando a centralidade da concepção biomédica na área da saúde em detrimento da abordagem humanístico-social nessa questão. O estudo evidencia os problemas estruturais que limitam a atenção em saúde, tanto em termos de precarização dos serviços de saúde, quanto em relação à persistência de relações patriarcais que perpassam os espaços institucionais, o que se confronta com os anseios e necessidades expressas pelas mulheres entrevistadas e nas falas das militantes feministas que atuam no enfrentamento ao problema. Dentre os múltiplos aspectos constatados, a pesquisa aponta a necessidade de transversalizar a perspectiva de gênero no setor e de atentar para as especificidades das mulheres na Amazônia, buscando fomentar ações ampliadas de saúde a partir de um olhar horizontal, interdisciplinar, integral e intersetorial que viabilize o enfrentamento às violências que afetam a saúde das mulheres no município de Parintins.