Esta etnografia aborda a performance de fanzineiros em Manaus, indivíduos que produzem
materiais artísticos e os distribuem pela cidade. Em determinadas áreas do centro de Manaus, é
possível observá-los vendendo face-a-face seu material autoral, artístico/literário, impresso, na
maioria dos casos em P&B, denominado fanzine ou zine. O conteúdo do material são poesias,
contos, resenhas, desenhos, quadrinhos, “o que você quiser”. Do tamanho e volume “que
quiser”. Pode ser feito manuscrito ou digitado, permite o erro e pode não seguir a ordem de
leitura padrão. A pesquisa foi realizada por meio de observações no centro de Manaus, na
UFAM e na Av. Djalma Batista, uma das principais vias de acesso a zona central que possui
intenso tráfego de pedestres e automóveis, onde pude acompanhar os poucos fanzineiros em
atividade no momento, mas principalmente por meio de entrevistas. As entrevistas foram
realizadas com vinte fanzineiros e, dentre estes, houve uma entrevista extra com nove deles
com o objetivo de construir suas etnobiografias, ou seja, uma etnografia da biografia destes
indivíduos com um recorte voltado para como ser fanzineira ou fanzineiro constitui-se,
incluindo sua performance. Considero a performance como marcadora de identidades por meio
de comportamentos experienciados, refere-se também à postura, aos gestos, aos símbolos
linguísticos, à variação do tom de voz, à aparência, em suma, ao manejo das impressões
transmitidas e captadas por parte do fanzineiro e “público”. Nesta pesquisa pude investigar
acerca de minha própria performance enquanto fanzineiro e dos demais fanzineiros, bem como
a dos clientes em potencial. Considero que há associações entre performance, formação pessoal
e espaço urbano, pois o campo aparece como contexto da prática que envolve o fanzine, tendo
em vista que a atuação do fanzineiro, em larga escala, inscreve-se nestes espaços urbanos,
envolvendo relações em que a dádiva é uma das formas de troca
|
