As infecções por espécies de Mycobacterium são de difícil tratamento devido à resistência desses microrganismos a maioria dos antibióticos comuns e aos agentes quimioterápicos. Este estudo teve o objetivo de selecionar Aspergillus, Penicillium e Trichoderma da região amazônica produtor de biocompostos e avaliar in vitro a atividade contra M. smegmatis e a citotoxicidade. Os 102 microrganismos selecionados, aleatoriamente, Penicillium (n=34), Trichoderma (n=34) e Aspergillus (n=34) foram analisados pelo método do bloco de gelose. As espécies produtoras de biomoléculas ativas contra M. smegmatis foram cultivadas em YES para a extração desses compostos em solventes orgânicos de diferentes polaridades. A prospecção dos constituintes químicos foi realizada por Cromatografia de camada delgada – CCD e Cromatografia em Fase Gasosa Acoplada ao Espectrômetro de Massa (CG/EM). O potencial antimicrobiano dos extratos promissores foi avaliado por métodos bioautográficos, concentração inibitória mínima (CIM) e o grau de citotoxicidade usando como modelo microcrustáceo Artemia franciscana. Dos 102 fungos anamorfos analisados pelo método do Bloco de gelose, 75,5 % deles inibiram o crescimento de M.smegmatis. Entre esses, A. niger CFAM 1000 (halo=40 mm), P. implicatum CFAM 297 (halo=30 mm) e T. pseudokoningii CFAM 784 (halo=60 mm), expressaram os maiores halos. As análises de CCD demonstraram que entre os 99 extratos analisados, o maior número de biocompostos foi observado nos extratos orgânicos de A. niger DPUA1260 (28 compostos) e A. tamarii DPUA 1395 (21 compostos). Em P. fellutanum CFAM 190 e CFAM 295 foram evidenciados 23 e 20 biocompostos, respectivamente, enquanto em T. pseudokoningii CFAM 767 e T. harzianum CFAM 428 foram revelados somente 12 biocompostos. Os dados obtidos em CG/EM mostraram que nos extratos de acetato de etila (AcOEt) e etanólico (EtOH) de espécies de Aspergillus, Penicillium e Trichoderma, os principais constituintes químicos, entre outros, foram compostos aromáticos, ésteres graxos, álcoois, dióis, hidrocarbonetos de cadeia longa e esteróis. Por bioautografia, apenas os extratos de A. niger DPUA 1266, A. tamarii DPUA 1395, A. oryzae DPUA 1412 e A. flavo-furcatis DPUA 1532 [AcOEt (n= 4) e EtOH (n=4)] demonstraram atividade antimicobacteriana frente a M.smegmatis. Desses extratos, o EtOH de A. oryzae DPUA 1412 e A. flavo-furcatis DPUA 1532 foram os de maior eficiência contra o microrganismos-teste com CIM de 31 µg/mL. Quanto a citotoxicidade em Artemia franciscana tais extratos apresentaram percentual de letalidade (%L) >50 %, 62,5 % expressaram valores de CL50 inferiores a 80 µg/mL, portanto tóxicos e os demais, 37,5 % moderadamente tóxicos. Os dados apresentados são inéditos e contribuem para o conhecimento de novos compostos bioativos que podem vir a ser usado como matrizes para a descoberta de novos fármacos.
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