Este estudo assume o propósito de verificar em que sentido a violência obstétrica se apresenta como agressão aos direitos humanos e quais os fatores que contribuem para essa prática. Trata-se de um tema ancorado na temática de gênero que estabelece diálogo com saberes interdisciplinares, tendo como base as ciências sociais e o serviço social. A violência obstétrica é concebida como uma prática nefasta que ocorre por ocasião do parto, perpetrada por parte de profissionais da área de saúde, os quais utilizam-se simbolicamente do mito fundador da humanidade (mito de Eva) para depreciar a mulher com palavras e atos. O trabalho de campo assumiu a orientação das abordagens qualitativas sem excluir os aspectos quantitativos. A coleta de dados primários foi realizada sob a técnica da entrevista profunda. O locus da pesquisa concentrou-se na maternidade Instituto da Mulher Dona Lindu, situada na cidade de Manaus. A investigação revelou a existência e recorrência da violência obstétrica como uma conduta antiética e sem bases científicas, por parte de alguns profissionais da área da saúde. Fica claro, por fim, que a violência obstétrica tem raízes sólidas nas relações desiguais de gênero, na moralidade religiosa e patriarcal, na violência institucional e cultural que legitimam a violência simbólica e moral perpetrada contra a mulheres na hora do parto.
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