Dissertação

Acumulação de carbono e interpretações paleohidrológicas do lago do Boto – Arquipélago de Anavilhanas, durante o Holoceno Superior

Estudos voltados à acumulação de Carbono e às condições Paleohidrológicas em ambientes lacustres são importantes para a compreensão do ciclo do carbono em sistemas de águas interiores e para ajudar a prever como estes ambientes podem reagir às mudanças climáticas futuras. Neste sentido, este trabalh...

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Autor principal: Silva, Vanessa Cunha
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/6649763268248748
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2019
Assuntos:
Acesso em linha: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7411
Resumo:
Estudos voltados à acumulação de Carbono e às condições Paleohidrológicas em ambientes lacustres são importantes para a compreensão do ciclo do carbono em sistemas de águas interiores e para ajudar a prever como estes ambientes podem reagir às mudanças climáticas futuras. Neste sentido, este trabalho teve como objetivo realizar apontamentos sobre a acumulação de carbono e as condições Paleohidrológicas do lago do Boto (Arquipélago de Anavilhanas) durante o Holoceno superior. Para caracterizar a dinâmica hidrológica atual dos sistemas lacustres do arquipélago e identificar as alterações associadas à paisagem, foram utilizadas duas imagens do satélite Landsat 08, obtidas no período de águas altas e baixas do Rio Negro, além de dados hidrológicos. Para determinar o acúmulo de carbono no Lago Boto, 1 m de registro sedimentar foi analisado. O núcleo foi datado com espectrometria de massa do acelerador 14C (AMS) e descrito; subsequentemente, foram medidos os teores de densidade aparente, granulometria e carbono orgânico total (TOC). Com estes resultados, as taxas de sedimentação, acumulação e estoque de carbono foram determinadas para cada centímetro da profundidade de 1 m. Para as condições atuais, foi observado que o Arquipélago de Anavilhanas está sujeito a grande amplitude de variação sazonal, mesmo sob condições regulares (médias fluviométricas diárias interanuais). Esta sazonalidade ocasiona uma série de modificações na paisagem ao longo destes períodos que impactam de modo diferenciado nos lagos. Foi observada uma variação da ordem de 10% na superfície de água exposta do arquipélago entre os períodos de águas baixas e altas e para os sistemas lacustres e áreas de “águas mortas” foi de 17%. Para 447 lagos identificados, 46% são lagos conectados aos canais do arquipélago durante o período de águas baixas, incluindo o lago do Boto, área deste estudo, e 54% são isolados neste período. Os resultados indicam que desde 1880 anos cal AP o lago do Boto apresenta condições de um ambiente lacustre com predomínio de baixa influência fluvial, no entanto, com algumas variações e uma tendência de aumento na acumulação de carbono e das taxas de sedimentação em direção ao topo. Entre 1880 a 854 anos cal AP as taxas de sedimentação foram de 0,03 cm.ano-¹ e taxas de acumulação média de carbono 94,84 g.m-².ano-¹. Entre 854 anos cal AP ao presente, as taxas de sedimentação foram de 0,07 cm.ano-¹ e taxas de acumulação média de carbono de 148,85 g.m-².ano-¹. No total, foi estimado um estoque de cerca de 230.987 toneladas de COT para a profundidade de 1 metro deste lago. Os resultados ressaltam a importância dos ambientes lacustres amazônicos na acumulação de carbono e evidenciam a necessidade da ampliação dos estudos nesta perspectiva.