Tese

"Eu venho da Floresta": a sustentabilidade das plantas sagradas amazônicas do Santo Daime

O cipó Banisteriopsis caapi (Malpighiaceae) e o arbusto Psychotria viridis (Rubiaceae) correspondem às principais espécies botânicas historicamente apropriadas em contexto ritual por diversos grupos indígenas e caboclos na Amazônia. O fenômeno cultural das religiões ayahuasqueiras brasileiras – Daim...

ver descrição completa

Autor principal: Monteles, Ricardo André Rocha
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/9751214083489076
Grau: Tese
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2020
Assuntos:
Acesso em linha: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7682
id oai:https:--tede.ufam.edu.br-handle-:tede-7682
recordtype dspace
spelling oai:https:--tede.ufam.edu.br-handle-:tede-76822020-02-21T05:03:58Z "Eu venho da Floresta": a sustentabilidade das plantas sagradas amazônicas do Santo Daime Monteles, Ricardo André Rocha Fraxe, Therezinha de Jesus Pinto http://lattes.cnpq.br/9751214083489076 http://lattes.cnpq.br/1464615574272190 Oka, Jaisson Miyosi http://lattes.cnpq.br/5952520937214398 Simão, Maria Olívia de Albuquerque Ribeiro http://lattes.cnpq.br/2594654340373805 Lopes, Maria Teresa Gomes http://lattes.cnpq.br/9307727443790246 Santo Daime Ayahuasca OUTROS Plantas Sagradas Ayahuasca Saberes Botânicos Sustentabilidade Santo Daime O cipó Banisteriopsis caapi (Malpighiaceae) e o arbusto Psychotria viridis (Rubiaceae) correspondem às principais espécies botânicas historicamente apropriadas em contexto ritual por diversos grupos indígenas e caboclos na Amazônia. O fenômeno cultural das religiões ayahuasqueiras brasileiras – Daime, Barquinha e União do Vegetal – ensejou uma intensa diáspora de plantas e saberes. Distintas variedades dessas espécies botânicas foram transferidas da Amazônia e introduzidas nos mais diversos contextos ecológicos em praticamente todo o país. Através de métodos qualitativos associados à etnobotânica, o estudo examina a taxonomia folk e a circulação de saberes em torno das plantas sagradas acionadas no contexto do Santo Daime. Desvela-se a história ambiental da ayahuasca através da literatura de viajantes na Amazônia colonial. Caracterizam-se as principais variedades etnobotânicas de jagube e rainha. Examinam-se os saberes taxonômicos em torno dessas entidades botânicas. Contempla-se sua expansão fitogeográfica. De brebaje infernal a sacramento religioso, a ayahuasca e as plantas que a compõem se estabelecem na história como entidades polimórficas, polifônicas, polissêmicas e policêntricas. Um sistema classificatório baseado em critérios sensíveis e suprassensíveis caracteriza a taxonomia cabocla das plantas sagradas amazônicas do Santo Daime. Saberes etnobotânicos sugerem que a morfologia vegetal corresponde ao centro cognitivo dos processos taxonômicos nessa tradição. Atributos suprassensíveis acionados nos atos classificatórios dessas entidades botânicas são semelhantemente percebidos como legítimos critérios taxonômicos. Mais de uma dezena de variedades do cipó jagube e pelo menos seis tipos morfológicos distintos da folha rainha são apropriados nesse contexto cultural. A expansão dos plantios de cipó e folha sob os princípios da agricultura sintrópica e o aperfeiçoamento das práticas de feitio correspondem às principais estratégias visando à sustentabilidade material do Daime. O cultivo de jagube e rainha mobiliza uma matriz de conhecimentos científicos formais e um complexo conjunto de saberes tradicionais constituídos no estreito contato com a materialidade e a espiritualidade da floresta. O ethos ecológico dos povos ayahuasqueiros manifesta-se em conexão com os saberes da floresta, território sagrado, onde viceja o nutriente espiritual do bem viver. The Banisteriopsis caapi vine (Malpighiaceae) and the Psychotria viridis shrub (Rubiaceae) are the principal botanical species historically appropriated in a ritual context by several indigenous groups and caboclos in the Amazon. The cultural phenomenon represented by the Brazilian Ayahuasca religions – Daime, Barquinha and União do Vegetal – has given rise to an intense diaspora of plants and knowledge. Different varieties of these botanical species were transferred from the Amazon and introduced in the most diverse ecological contexts throughout the country. Through qualitative methods associated with Ethnobotany, this study examines folk taxonomy and the circulation of knowledge around the sacred plants used in the context of Santo Daime. Environmental history of ayahuasca is revealed through travel literature of the colonial Amazon. The main ethnobotanical varieties of jagube and rainha are characterized. Taxonomic knowledge is examined around these botanical entities. Their phytogeographic expansion is contemplated. From the infernal brebaje to the religious sacrament, ayahuasca and the plants that compose it are established in history as polyphonic, polysemic and polycentric entities. A classification system based on sensitive and supersensitive criteria characterizes the caboclo taxonomy of the sacred Amazonian plants of Daime. Ethnobotanical knowledge suggests that plant morphology corresponds to the cognitive center of taxonomic processes in this tradition. Supersensitive attributes mobilized in the classification acts of these botanical entities are similarly perceived as legitimate taxonomic criteria. More than a dozen varieties of jagube and at least six distinct morphological types of rainha are appropriate to this cultural context. The expansion of vine and leaf plantations under the principles of synthropic agriculture and the improvement of the practices of feitio are the principal strategies aimed at the material sustainability of Daime. The cultivation of jagube and rainha mobilizes a matrix of formal scientific knowledge and complex traditional knowledge constituted in intimate contact with material and spiritual aspects of the forest. The ecological ethos of the Ayahuasca peoples manifests itself in connection with their knowledge of the forest, a sacred territory, where the spiritual nutrient of good living grows. 2020-02-20T15:17:24Z 2020-02-14 Tese MONTELES, Ricardo André Rocha. "Eu venho da Floresta": A sustentabilidade das plantas sagradas amazônicas do Santo Daime. 2020. 257 f. Tese (Doutorado em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2020. https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7682 por Acesso Aberto application/pdf Universidade Federal do Amazonas Centro de Ciências do Ambiente Brasil UFAM Programa de Pós-graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia
institution TEDE - Universidade Federal do Amazonas
collection TEDE-UFAM
language por
topic Santo Daime
Ayahuasca
OUTROS
Plantas Sagradas
Ayahuasca
Saberes Botânicos
Sustentabilidade
Santo Daime
spellingShingle Santo Daime
Ayahuasca
OUTROS
Plantas Sagradas
Ayahuasca
Saberes Botânicos
Sustentabilidade
Santo Daime
Monteles, Ricardo André Rocha
"Eu venho da Floresta": a sustentabilidade das plantas sagradas amazônicas do Santo Daime
topic_facet Santo Daime
Ayahuasca
OUTROS
Plantas Sagradas
Ayahuasca
Saberes Botânicos
Sustentabilidade
Santo Daime
description O cipó Banisteriopsis caapi (Malpighiaceae) e o arbusto Psychotria viridis (Rubiaceae) correspondem às principais espécies botânicas historicamente apropriadas em contexto ritual por diversos grupos indígenas e caboclos na Amazônia. O fenômeno cultural das religiões ayahuasqueiras brasileiras – Daime, Barquinha e União do Vegetal – ensejou uma intensa diáspora de plantas e saberes. Distintas variedades dessas espécies botânicas foram transferidas da Amazônia e introduzidas nos mais diversos contextos ecológicos em praticamente todo o país. Através de métodos qualitativos associados à etnobotânica, o estudo examina a taxonomia folk e a circulação de saberes em torno das plantas sagradas acionadas no contexto do Santo Daime. Desvela-se a história ambiental da ayahuasca através da literatura de viajantes na Amazônia colonial. Caracterizam-se as principais variedades etnobotânicas de jagube e rainha. Examinam-se os saberes taxonômicos em torno dessas entidades botânicas. Contempla-se sua expansão fitogeográfica. De brebaje infernal a sacramento religioso, a ayahuasca e as plantas que a compõem se estabelecem na história como entidades polimórficas, polifônicas, polissêmicas e policêntricas. Um sistema classificatório baseado em critérios sensíveis e suprassensíveis caracteriza a taxonomia cabocla das plantas sagradas amazônicas do Santo Daime. Saberes etnobotânicos sugerem que a morfologia vegetal corresponde ao centro cognitivo dos processos taxonômicos nessa tradição. Atributos suprassensíveis acionados nos atos classificatórios dessas entidades botânicas são semelhantemente percebidos como legítimos critérios taxonômicos. Mais de uma dezena de variedades do cipó jagube e pelo menos seis tipos morfológicos distintos da folha rainha são apropriados nesse contexto cultural. A expansão dos plantios de cipó e folha sob os princípios da agricultura sintrópica e o aperfeiçoamento das práticas de feitio correspondem às principais estratégias visando à sustentabilidade material do Daime. O cultivo de jagube e rainha mobiliza uma matriz de conhecimentos científicos formais e um complexo conjunto de saberes tradicionais constituídos no estreito contato com a materialidade e a espiritualidade da floresta. O ethos ecológico dos povos ayahuasqueiros manifesta-se em conexão com os saberes da floresta, território sagrado, onde viceja o nutriente espiritual do bem viver.
author_additional Fraxe, Therezinha de Jesus Pinto
author_additionalStr Fraxe, Therezinha de Jesus Pinto
format Tese
author Monteles, Ricardo André Rocha
author2 http://lattes.cnpq.br/9751214083489076
author2Str http://lattes.cnpq.br/9751214083489076
title "Eu venho da Floresta": a sustentabilidade das plantas sagradas amazônicas do Santo Daime
title_short "Eu venho da Floresta": a sustentabilidade das plantas sagradas amazônicas do Santo Daime
title_full "Eu venho da Floresta": a sustentabilidade das plantas sagradas amazônicas do Santo Daime
title_fullStr "Eu venho da Floresta": a sustentabilidade das plantas sagradas amazônicas do Santo Daime
title_full_unstemmed "Eu venho da Floresta": a sustentabilidade das plantas sagradas amazônicas do Santo Daime
title_sort "eu venho da floresta": a sustentabilidade das plantas sagradas amazônicas do santo daime
publisher Universidade Federal do Amazonas
publishDate 2020
url https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/7682
_version_ 1781302527633915904
score 11.653393