Fragmentação e a perda de hábitats podem levar ao aumento ou diminuição da diversidade de espécies e abundância. Por outro lado, os impactos destes distúrbios podem ser amenizados através da regeneração da vegetação através da sucessão secundária. Neste estudo, avaliamos o efeito da fragmentação e da regeneração florestal sobre a diversidade, abundância e composição taxonômica de artrópodes em uma paisagem modificada por ações humanas na Amazônia Central. O estudo foi realizado na região do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, no qual, o processo de isolamento dos fragmentos e criação das áreas de pastagem ocorreu em 1980, e o re-isolamento de alguns fragmentos realizado nos anos de 1994 e 2000. As coletas foram realizadas durante o período de julho a dezembro de 2018. Para as amostragens dos artrópodes utilizamos armadilhas do tipo Malaise distribuídas em ambientes de fragmentos florestais de 10 hectares, florestas primárias contínuas e florestas secundárias. Adotamos uma abordagem de identificação dos artrópodes em múltiplas resoluções taxonômicas incluindo ordens (todos os indivíduos), famílias (somente da Ordem Diptera) e espécies (somente da Família Tabanidae). Coletamos um total de 25.230 indivíduos correspondentes a 17 Ordens, 30 famílias de Diptera e 31 espécies de dípteros da família Tabanidae. Coleoptera e Hemiptera foram mais abundantes nas florestas secundárias comparadas com os outros ambientes estudados. Entre as famílias de Diptera, somente Clusiidae foi identificada como indicadora de fragmento florestal. A espécie de mutuca Dichelacera cervicornis foi identificada como indicadora de florestas primárias. Não foram detectadas diferenças significativas na composição taxonômica de artrópodes entre os três ambientes e este resultado foi consistente entre as resoluções taxonômicas adotadas. Nossos resultados sugerem que, apesar de fortes distúrbios ambientais terem afetado as paisagens de estudo, a vegetação se regenerou ao longo do tempo favorecendo a dispersão de artrópodes entre os ambientes. Como consequência foi observada somente diferenças sutis na composição taxonômica e abundância entre fragmentos florestais, florestas secundárias e primárias.
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