Processos e produtos desenvolvidos a partir do aproveitamento de resíduos podem
contribuir para a diminuição dos riscos do esgotamento dos recursos naturais. Nas
indústrias moveleiras os compósitos são muito utilizados como matéria-prima para a
fabricação de móveis, dentre eles a placa de fibra de média densidade (MDF). Entretanto, o
processamento das chapas de MDF gera grande quantidade de resíduos, que muitas das
vezes não são descartados de forma correta, apesar de seu potencial econômico. O pó de
serragem é resíduo que dificilmente é reaproveitado ou retorna à produção. Neste sentido, o
objetivo desta pesquisa é desenvolver material compósito com resíduos de MDF para a
redução de desperdícios e avaliar o potencial do pó de MDF aglutinado com resina vegetal
para a confecção de painel compósito, visando a redução de desperdícios na indústria
moveleira e a aplicação no design de produtos. Foi realizada uma revisão sistemática da
literatura com a técnica de mineração de dados de Blum, Merino e Merino (2016), bem como
um estudo de caso com empresa fabricante de móveis modulados. A partir disso, se fez de
forma experimental um projeto-piloto para a confecção de um painel compósito a base de
resina vegetal e pó de serragem de MDF. Com os resultados desse experimento foi
confeccionado o Painel 2 em que se fez um comparativo das propriedades do material
resultante. Para corroborar os resultados obtidos com os Painéis 1 e 2, se confeccionou um
terceiro painel (Painel 3), onde os resultados de comparação foram esses: ensaios de
densidade, obtiveram os seguintes resultados: no painel do projeto-piloto foi de 936,65
Kg/m3, de 889,6 Kg/m3 no painel 2 e o painel 3 apresentou valor de 760,97 Kg/m3. Para o
ensaio de inchamento, valores de 2,5% após 2h e 16,1% após 24h de submersão na água,
foram apresentados pelo painel piloto. O painel dois se mostrou mais resistente com 0,03%
após 2h, e 1,06% após 24h de submersão; o valor para o painel 3 foi superior ao painel 2,
porém inferior ao painel projeto-piloto apresentando valores de 4,21% e 5,89%, para 2 e
24hs, respectivamente. Para os ensaios de 2h, os painéis apresentaram valores abaixo de
8% que é o máximo considerado pela norma. Ainda assim os resultados apresentados em
todas as amostras atenderam o valor estabelecido pela norma. A taxa de absorção foi
similar entres todos os painéis, o painel piloto alcançou 5,7% e 20,71% para os ensaios de
2h e 24h, respectivamente, o painel 2 apresentou 6,11% (2h) e 21,64% (24h), enquanto o
resultado para absorção do painel 3 em 2h foi de 8,73% e para 24h apresentou valor de
32,01%.Os ensaios de trabalhabilidade no painel 2 e 3 obtiveram resultados positivos para
os ensaios de corte, lixamento, colagem, fixação de parafuso e usinagem. No entanto, o
painel três é o que mais se assemelha às características e propriedades dos painéis de
MDF. Ainda é importante avaliar as propriedades do material submetido aos ataques
biológicos, absorção de umidade, acústica e durabilidade, para uma melhor caracterização,
bem como verificar a viabilidade econômica da produção industrial para sua exploração
comercial.
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