Dissertação

Manejo da dor em comunidade ribeirinhas na Amazônia brasileira

Introdução: medicamentos e plantas medicinais são mundialmente utilizados pelo homem como estratégias terapêuticas para o alívio ou inibição da dor. Em populações vulneráveis em áreas remotas, com características singulares (socioeconômicas, culturais, geográficas e ambientais) como populações ri...

ver descrição completa

Autor principal: Lima, Paula Andreza Viana
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/2465235113667421, https://orcid.org/0000-0002-8217-8288
Grau: Dissertação
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2021
Assuntos:
Dor
Acesso em linha: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8551
Resumo:
Introdução: medicamentos e plantas medicinais são mundialmente utilizados pelo homem como estratégias terapêuticas para o alívio ou inibição da dor. Em populações vulneráveis em áreas remotas, com características singulares (socioeconômicas, culturais, geográficas e ambientais) como populações ribeirinhas da Amazônia Brasileira, o fenômeno carece de informações. Objetivo: avaliar as estratégias de manejo da dor em comunidades ribeirinhas na Amazônia Brasileira. Método: estudo transversal de base populacional, parte da pesquisa “Saúde, Medicamentos e Automedicação em Ribeirinhos do Amazonas - SAMARA”, desenvolvido no ano de 2015, em 24 comunidades ribeirinhas de Coari, Amazonas – Brasil (n= 492). As variáveis utilizadas neste estudo de manejo da dor foram informações sociodemográficas, acesso aos serviços de saúde, consumo de álcool, hábitos tabagistas, enfermidades autorrelatadas e consumo de medicamentos dos 246 participantes que informaram ter realizado o manejo da dor (manejo da dor exclusivo com medicamentos (n=180) + exclusivo com plantas medicinais (n=28) + misto (n=38) com medicamentos e plantas). A variável dependente foi avaliada pelo uso de, pelo menos, um medicamento (exclusivo com medicamentos + misto) ou planta medicinal (exclusivo com plantas medicinais + misto) consumido para o manejo da dor nos últimos 30 dias antecedentes a entrevista. Os dados foram analisados com base na estatística descritiva e inferencial. Resultados: Dos 246 ribeirinhos que realizaram o manejo da dor, a prevalência de consumo de medicamentos para o manejo da dor foi de 88,6% (n=218) entre participantes. A substância química mais consumida foi a dipirona (28,1%). A maioria dos medicamentos utilizados ocorreu por iniciativa própria (64,1%), foram adquiridos nas farmácias (84,4%) e usados para trata a cefaleia (58,5%). As variáveis “ser alfabetizado” (OR: 2,632; IC 95%: 1,066-6,501) e “ter renda familiar acima de 1 salário mínimo” (OR: 3,098; IC 95%: 1.303-7,368) permaneceram independentemente associadas a prática de manejo da dor com medicamentos na regressão logística. O manejo da dor com plantas medicinais, prevaleceu em 26,8% (n=66) dos ribeirinhos. A planta medicinal mais consumida como remédio caseiro para o manejo da dor foi a casca do fruto da laranjeira (Citrus sinensis (L.) Osbeck) (21,6%). Dentre todas as plantas medicinais consumidas, prevaleceu o uso de cascas (63,6%) e a preparação em chá (96,6%). O conhecimento do uso foi adquirido principalmente por familiares (74,2%) e o problema álgico que mais levou ao manejo da dor com plantas medicinais foram as dores abdominais (70,5%). Na regressão logística a variável faixa etária entre 18 a 49 anos (OR: 2,154; IC 95%: 1,109-4,186) permaneceu independentemente associada a prática de manejo da dor com plantas medicinais. Conclusão: As populações ribeirinhas do Amazonas costumam utilizar com frequência medicamentos para o manejo da dor, evidenciando a necessidade de orientações quanto a promoção do uso racional dos medicamentos e a possibilidade de ocorrência de mascaramento de doenças no contexto ribeirinho. Embora o consumo de plantas medicinais para o manejo da dor tenha ocorrido em menor proporção em relação aos medicamentos, se for considerado a isenção de custos e acessibilidade a população, as plantas medicinais tornam-se uma alternativa terapêutica importante nas comunidades ribeirinhas, necessitando de maiores investigações sobre seu uso e potencialidades analgésicas.