O Ensino por Investigação (EI) exige que o professor leve os seus alunos a pensar e fazer escolhas,
possibilitando que esses alunos se tornem ativos, críticos e passem a construir o seu próprio
conhecimento. Desse modo, a formação docente deve contemplar o desenvolvimento dos
conhecimentos necessários à prática docente, dentre os quais Shulman destaca o Conhecimento
Pedagógico do Conteúdo (CPC). Diante disso, a presente pesquisa teve por objetivo analisar as
configurações da investigação enquanto princípio educativo e científico na atuação e formação de
professores de Química no município de Manaus. Para isso, inicialmente foi realizada análise
documental dos Projetos Pedagógicos do Curso de Licenciatura em Química de duas Instituições
de Ensino Superior (IES) públicas de Manaus-AM. Participaram da pesquisa 68 professores de
Química da Educação Básica e 67 licenciandos em Química de IES públicas da cidade. A coleta
de dados se deu por meio de questionário e entrevista semiestruturada, e oficina pedagógica
pautada no EI, com participação de 11 licenciandos. Na análise dos dados quantitativos utilizou-se a Estatística Descritiva, e para os dados qualitativos a Análise Textual Discursiva. Foi possível
observar que os documentos analisados apresentam o princípio investigativo e suas características,
destacando-se nas competências e habilidades elencadas e se faz presente no currículo dos cursos
analisados, devendo estar inserido na formação e prática profissional de professores de Química.
No que diz respeito as percepções dos licenciandos, identificou-se que eles compreendem do que
se trata uma atividade investigativa, porém desconhecem as etapas e termos característicos, e
descrevem o papel do professor como guia e condutor. Além disso, eles concordam que a formação
inicial deve contemplar o EI e a realização de pesquisas científicas dentro da área do ensino, e
criticam como as disciplinas de conteúdo específico da Química são ministradas, com
características fortes do ensino tradicional. Os licenciandos compreendem a necessidade de se
aperfeiçoar permanentemente e de aplicar o EI na sua futura prática docente. Em relação as
concepções e práticas docentes dos professores investigados, percebeu-se que a investigação não
foi bem trabalhada na formação inicial, mas que estes compreendem a abordagem e destacam seu
papel como mediador e orientador, e afirmam que buscam utilizar em suas aulas, mesmo com
dificuldades como a estrutura física, o pouco tempo e a falta de interesse dos alunos. Notou-se que
os professores que possuem pós-graduação tendem a realizar e participar de pesquisas científicas
no campo do ensino, e que ter contato com atividades de pesquisa no ensino durante a formação
inicial é essencial para a sua atuação e constante melhoria da prática docente. Identificou-se
também que quanto mais tempo de experiência docente menos dificuldades são encontradas pelos
professores na realização de atividades investigativas em sala de aula. As produções didáticas dos
licenciandos participantes da oficina apresentaram elementos do EI, como a situação-problema,
porém houve pouca inferência ao envolvimento dos alunos na definição de hipótese e na aplicação
dos conhecimentos em novas situações. Identificou-se expressivamente o desenvolvimento dos
conhecimentos do conteúdo específico, do contexto educacional, dos alunos e de suas
características, dos fins educacionais, e aspectos do CPC, reconhecendo a importância das
atividades investigativas nas aulas de Química e seu papel de orientador durante a sua realização.
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