Tese

As saúdes na Amazônia ribeirinha: análise do trabalho em saúde no território líquido

O objetivo da tese é cartografar modelagens tecnoassistenciais de cuidado na Unidade Básica de Saúde Fluvial - UBSF do município de Tefé/AM. Para alcançá-lo, percorremos três caminhos: primeiro, o compartilhamento da aprendizagem com a pesquisa, fruto da vivência dos pesquisadores acerca do acesso à...

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Autor principal: Martins, Fabiana Manica
Outros Autores: http://lattes.cnpq.br/5367549959925417, https://orcid.org/ 0000-0002-4440-2680
Grau: Tese
Idioma: por
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2022
Assuntos:
Acesso em linha: https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/8850
Resumo:
O objetivo da tese é cartografar modelagens tecnoassistenciais de cuidado na Unidade Básica de Saúde Fluvial - UBSF do município de Tefé/AM. Para alcançá-lo, percorremos três caminhos: primeiro, o compartilhamento da aprendizagem com a pesquisa, fruto da vivência dos pesquisadores acerca do acesso à rede de cuidado à saúde na Amazônia. Nele, constituiu-se uma produção coletiva acerca da categoria “território líquido”; em segundo lugar, um exercício de cartografia da presença de corpos vibráteis na produção desse território, como ensaio de produção do pensamento compartilhado com os ribeirinhos trabalhadores e usuários da saúde, em um exercício de afirmação de sua potência; e, por fim, uma análise das relações entre os caminhos percorridos pela UBSF e suas práticas, saberes, linhas de fuga, e atravessamentos na produção do cuidado. Trabalhou-se a identificação, do ponto de vista da potência, das vivências e produções tecnoassistenciais micropolíticas que os trabalhadores usam para dar conta de tantas realidades específicas, na busca por adaptar os protocolos de assistência à realidade desse território e suas necessidades. Sendo o cenário da pesquisa a Unidade Básica de Saúde Fluvial (UBSF), com suas conexões a partir do município de Tefé/Amazonas, optou-se pelo formato de um ensaio empírico, em conexão com conceitos e teorias que permitiram a formulação para seu compartilhamento, constituindo um diálogo epistemológico sobre os fazeres e saberes da pesquisa. A imagem construída aqui é de que o campo empírico da pesquisa tem a potência do banzeiro, que é o movimento ondular das águas, que visto da superfície pode ser representado como um movimento ondular harmônico e tranquilo, mas tal imagem não traduz a potência e energia que movimenta desde o leito do rio, com todo o volume de águas que desloca suas margens e desfaz o percurso dos barcos conduzidos por marinheiros inexperientes. Desse modo, vivencia-se a cartografia do “território líquido” que flui, potente, encontrando o outro e produzindo diferenciação no acontecimento, em devir com as gentes da Amazônia e suas formas de existir no território. Essa cartografia nos faz pensar numa episteme urgente e insurgente, tendo a ver com a superação do nosso corpo estratificado na pesquisa e no trabalho, pois pesquisadores e profissionais ainda são um corpo que insiste em organizar, fragmentar, produzir estratos e ter uma vida separada da sua potência. O “território líquido” com suas gentes nos ensina a existir num plano de imanência, onde o tempo-espaço é o tempo oportuno, onde a vida é o critério e é preciso criar memória de futuro e imaginação para a criação de pensamento, para permitir-se à dobra, às experimentações, aos acontecimentos, ao puro devir, mas não de qualquer maneira, pois o critério sempre será aquele que potencializa a vida.