A presente pesquisa tem por objetivo buscar um entendimento da legitimidade da atividade laboral dos guardadores de veículos (flanelinhas), a partir da análise das relações de poder em que estão imersos esses trabalhadores das ruas do Centro da cidade de Manaus. Através de estudos bibliográficos e pesquisa de campo, utilizando-se do instrumento de entrevistas, busca-se construir uma morfologia destes atores e suas relações, desmistificando algumas imagens e revelando outras, como o trabalho precário e suas interconexões com outras atividades. Inicialmente trilhando o caminho da concepção ampla de trabalho informal e precário, iremos adentrar especificamente o universo destes guardadores/lavadores de veículos, analisando seus aspectos socioeconômicos, normativos e das legislações que ora regulam tais atividades. Outros aspectos igualmente importantes são trazidos à tona, como a constituição de teias de relações de solidariedade com os demais atores que compõem este cenário urbano, revelando estratégias de segurança e proteção, bem como a suposta prática de ilegalismos ou atos ilícitos atribuídos a estes trabalhadores, reputação esta que eles têm tentado mudar. Neste âmbito, as cooperativas e associações aparecem como elementos cruciais no que tange à estruturação e organização da atividade, normalmente vista sob a ótica do estigma e do preconceito, tanto pela população em geral como pela imprensa local. Assim, o entendimento da relação de dominação e poder pelos flanelinhas vai partir, em princípio, da construção do cenário e seus atores, passando pela práxis laboral diária, dentro visão que os mesmo têm de suas atividades, expressa em seus próprios relatos nas entrevistas e nos dados coletados, para então ser articulada no âmbito de uma discussão teórica.
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