/img alt="Imagem da capa" class="recordcover" src="""/>
Dissertação
A trajetória escolar de estudante ribeirinho da UFAM e a construção da identidade
Não podemos tratar os campos brasileiros como se fossem homogêneos, a Amazonia sozinha abarca diversos grupos étnicos e populações tradicionais com identidades socioculturais e políticas particulares. Falar da trajetória escolar inclui uma imensa variedade de percursos e escolhas que variam de...
Autor principal: | Souza, Virginia Karla Rosas de |
---|---|
Outros Autores: | https://lattes.cnpq.br/3537646641287716, https://orcid.org/0000-0001-9748-2904 |
Grau: | Dissertação |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2022
|
Assuntos: | |
Acesso em linha: |
https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9091 |
Resumo: |
---|
Não podemos tratar os campos brasileiros como se fossem homogêneos, a Amazonia
sozinha abarca diversos grupos étnicos e populações tradicionais com identidades
socioculturais e políticas particulares. Falar da trajetória escolar inclui uma imensa variedade
de percursos e escolhas que variam desde a origem social do aluno, infraestrutura da escola,
profissão dos pais, características climáticas entre outros fatores. Adotando a perspectiva da
Psicologia Rural e Psicologia Social Crítica, nosso objetivo geral foi: Investigar como os
estudantes ribeirinhos que estudam na UFAM significam a sua trajetória de escolarização e
vivências no ensino superior. Objetivos específicos: a) Conhecer a trajetória de escolarização
de estudantes ribeirinhos desde a educação básica até o ingresso no ensino superior, b)
Descrever as vivências desses alunos no cotidiano da UFAM; c) Compreender de que maneira
a vida acadêmica afeta no processo de construção de suas identidades. Esta pesquisa foi do tipo
qualitativa, exploratória e em caráter de estudo de caso. Os instrumentos utilizados foram 1.
questionário geral do PROCAD-AM aplicado de forma online e presencial, ao qual gerou um
banco de dados com as informações dos participantes (nome, campus, idade, local de
nascimento e moradia, pertence ou é originário de alguma comunidade amazônidas e etc.); 2.
Entrevista individual com narrativa aberta. Partimos da pergunta norteadora: “conte-me sobre
a sua trajetória de vida desde a infância até a chegada do ensino superior”; 3. Entrevista
individual mediada por imagens ou objetos da escolha do participante, que representasse o
momento de transição do ensino médio para o ensino superior. Quanto aos resultados do
questionário PROCAD – AM, tivemos 124 participantes, sendo 57 respondentes online e 67
presencial. Desse número total, apenas 23 pessoas se identificaram como ribeirinhos.
Conseguimos entrar em contato com 7 pessoas que se enquadravam nos critérios de inclusão,
2 demonstraram interesse em participar e apenas 1 seguiu até o final das entrevistas. A análise
foi construtivo-interpretativa, pela qual identificamos os sentidos e significados da narrativa
desse estudo de caso em 5 momentos da trajetória escolar do depoente: 1. Ensino Fundamental
e a Vida na Comunidade em Tonantins/AM; 2 Saída da Comunidade para o Ensino Médio Técnico em Tabatinga/AM; 3. Retorno a Tonantins/AM e Início da Docência na Zona Rural;
4. Ensino Normal Superior: o PARFOR; 5. Identidade Política de Professor Ribeirinho. Por
estas categorias narramos a trajetória de Nandinho, os caminhos que o levaram até o ensino
superior, abordando o papel da educação na construção identitária segundo a teoria de
identidade-metamorfose-emancipação, junto das vivências e os significados encontrados pelo
caminho, que é atravessado pelas políticas públicas educacionais de interiorização. Concluímos
que a trajetória escolar perpassa a construção identitária do sujeito e vice e versa, conforme ele
avança nos níveis educacionais, o que contribui para mudar sua percepção sobre os papéis que
deseja assumir em sua vida, enfrentar o dilema de permanecer em sua comunidade ou migrar
em busca de oportunidades “melhores”, ou ainda perceber que a saída destes espaços não é a
resposta de melhoria, assim como também o ajuda a perceber seu próprio papel dentro da
sociedade. Pudemos ver ainda a importância dos familiares na construção identitária e discutir
o mito da meritocracia e a importância de políticas públicas de acesso, permanência e uma
educação pautada na valorização, contexto e saberes do mundo rural. |