Todos os anos em Tefé-AM, os eventos de precipitação intensa associados a produção desigual de espaço têm propiciado diversos impactos, que ocorrem de forma diferente devido a sociedade estruturada em classes sociais. O objetivo da pesquisa foi investigar os eventos pluviais intensos e a vulnerabilidade socioespacial no espaço urbano e nas comunidades rurais Agrovila e Santa Clara em Tefé-AM. O aporte teórico da pesquisa, baseou-se na Climatologia Geográfica e Geografia do Clima. Primeiramente, foi realizada a análise da variabilidade pluviométrica entre 1970-2020, utilizando dados mensais e anuais de precipitação do município de Tefé-AM disponibilizados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e a análise dos eventos pluviais intensos diários considerando valores de precipitação pluvial categorizados segundo Armond (2014) a partir de 20mm e realizou-se a análise dos eventos pluviais extremos através da técnica dos percentis (90/95/99) e teste não paramétrico de Mann-Kendall. Foram analisados os episódios associados às chuvas intensas por meio das notícias dos Jornais (O Solimões e Portal Tefé News) em conjunto ao ritmo climático. Além disso, foi realizado o mapeamento dos episódios por bairro e associados aos indicadores de vulnerabilidade socioespacial na área urbana de Tefé. Para análise dos impactos dos eventos intensos, conhecimentos e adaptações nas comunidades rurais Agrovila e Santa Clara foram realizadas entrevistas. Os resultados demonstraram que os eventos de precipitação intensa ocorreram principalmente nos meses de janeiro a maio, os maiores registros pela classe de 20 a 40 mm de chuva diária e os eventos extremos têm sido mais frequentes nas últimas décadas, com tendência positiva e significativa. Os episódios deflagrados se relacionaram a ocorrência de alagamentos em ruas, dificuldade na circulação de veículos e pessoas, desabamentos de casas e deslizamentos de terra. Os principais sistemas atmosféricos atuantes foram: Zona de Convergência Intertropical, Zona de Convergência do Atlântico Sul, Linhas de Instabilidades e Massa Equatorial Continental. Verificou-se que nos bairros (Abial, Colônia Ventura, Esperança, Jerusalém, Juruá, Multirão, Olaria, Nossa Senhora de Fátima e São João, além de algumas áreas no Centro) residem os agentes sociais mais vulneráveis aos episódios. Nas comunidades rurais, os eventos intensos tem afetado os povos que percebem sua maior frequência, com isso, o ritmo de vida dos moradores também tem mudado. Portanto, a pesquisa contribuiu para além das análises estatísticas, desvendando os agentes sociais que estão mais vulneráveis aos eventos e gerando subsídios para medidas de prevenção aos eventos, além de cooperar para reflexões acerca da necessidade de uma produção e reprodução do espaço mais justa e igualitária.
|
