O mundo passa por uma crise ambiental civilizacional que nos desafia a refletir e questionar o papel socioeducativo da universidade na formação de profissionais que legitima atitudes e comportamentos descolados dos valores ambientais. A ambientalização curricular se mostra como uma alternativa para repensar os conteúdos, procedimentos e métodos que visam formar um profissional e cidadão apto a exercer qualquer profissão e sua cidadania de forma mais humanizada e sensível às questões socioambientais. Assim, este trabalho teve por finalidade analisar os pressupostos pedagógicos dos cursos de Licenciaturas do Centro de Estudos Superiores de Tabatinga-CESTB/UEA, considerando o processo de ambientalização curricular na formação dos professores. Utilizamos a abordagem qualitativa, com pesquisas bibliográfica, documental e de campo. Em função das situações adversas determinadas pela pandemia do Covid-19, realizamos entrevistas com os agentes sociais históricos e aplicamos questionários junto ao corpo docente e discente, dos cursos de licenciaturas em Geografia, Ciências Biológicas, Pedagogia, Letras (Língua Portuguesa) e Matemática, através das plataformas do WhatsApp e Google Meet. Como resultados, vimos que os cursos de Geografia e Ciências Biológicas são os que apresentam mais disciplinas com características de ambientalização, e onde se constatou uma preocupação significativa com o compromisso de compreender as relações triádicas homem/natureza/sociedade. Os cursos de Pedagogia e Letras têm trabalhado no enfoque mais cultural, mas ainda não são voltados para refletir sobre as questões socioambientais vivenciadas na tríplice fronteira amazônica. O curso de Matemática é o que tem maior fragilidade quanto a formar um profissional consciente ambientalmente e preparado para lidar com as particularidades e diversidades encontradas na região. Percebemos que os professores necessitam receber formação permanente e continuada da instituição e, desse modo, refletir mais e melhor com as temáticas socioambientais, a diversidade cultural e as inúmeras realidades existentes nas linhas da fronteira. Identificamos também as dificuldades e contradições enfrentadas por professores e estudantes para lidar com o processo ensino/aprendizagem de alunos indígenas que, na maioria das vezes, são excluídos do contexto educacional por não se adaptarem aos métodos de ensino ocidentais e não indígenas vigentes, e aos preconceitos sofridos no ambiente acadêmico. A universidade necessária busca questionar a formação do homo academicus do CESTB/UEA e ampliar discussões e compreensões sobre a relevância, pura e aplicada, da educação ambientalizada para transformação da qualidade de vida no Alto Solimões, bem como da manutenção das condições de vida providas pela Amazônia. Mais do que qualquer suposta finalidade, essa pesquisa busca refletir na colaboração com os docentes e discentes do CESTB/UEA. A ambientalização curricular, para além de uma atualização de práxis socioeducativas, é uma alternativa para solução de parte dos problemas civilizatórios da tríplice fronteira Brasil, Colômbia e Peru.
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