O aumento constante do preço do ouro no mercado internacional estimulou no Brasil a
retomada e crescimento da mineração artesanal deste metal, aludida na forma de
garimpos. O processo de extração do ouro, neste modelo, opera com técnicas e métodos
rudimentares que provocam relevantes danos ambientais. A obtenção do minério, nesse
contexto de precariedade normativa e tecnológica, fundamenta-se em um processo
profundamente dependente do mercúrio que, nas situações incautas de garimpo, torna-se
uma preocupante fonte de contaminação ambiental química por metais pesados. Esta
pesquisa tem como objetivo apresentar uma metodologia que reúne informações de
sensores remotos multifonte, trabalhos em campo e análises químicas por fluorescência
de raios-x para qualificar e quantificar os impactos ambientais causados pela mineração
aluvionar de ouro na bacia do rio Boia. A avaliação da contaminação ambiental por metais
pesados foi estendida para Amazônia Ocidental, utilizando amostras descartadas do
processo de amalgamação do ouro e recuperação do mercúrio. Foram mapeados 1466
locais com degradação ambiental profunda na bacia do rio Boia que obtiveram as feições
da geomorfologia fluvial e provocam assoreamento. A contaminação por mercúrio nos
ambientes amazônicos avança conforme os garimpos disseminam-se pelos rios, chegando
mesmo a regiões ermas impulsionados pelo elevado preço do ouro. Foram identificados
focos regionais de lançamento de materiais contaminados por mercúrio, especialmente
no rio Japurá, com a capacidade de contaminar milhões de litros de água potável
diariamente. A ineficiência e inépcia da atuação preventiva e fiscalizadora é resultante
principalmente da ausência do Estado em muitas áreas com grande desafio logístico e
uma legislação incipiente.
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