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Tese
Dinâmicas das estratégias matrimoniais entre povos indígenas: processos diferenciados de territorialização e territorialidades específicas em Manaus
A presente investigação antropológica foi construída a partir de reflexão sobre as configurações de estratégias matrimoniais indígenas na região metropolitana de Manaus e suas possibilidades de análise acerca dos processos diferenciados de territorialização e de consolidação de territorialidades...
Autor principal: | Rodrigues, Clayton de Souza |
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Outros Autores: | http://lattes.cnpq.br/7866274645462746, https://orcid.org/0000-0002-2694-7425 |
Grau: | Tese |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Amazonas
2023
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Assuntos: | |
Acesso em linha: |
https://tede.ufam.edu.br/handle/tede/9284 |
Resumo: |
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A presente investigação antropológica foi construída a partir de reflexão sobre as
configurações de estratégias matrimoniais indígenas na região metropolitana de Manaus e
suas possibilidades de análise acerca dos processos diferenciados de territorialização e de
consolidação de territorialidades indígenas nesta região. Inicialmente a identificação de casais
compostos por cônjuges de povos de origens diversas se deu a partir das relações de pesquisa
ou da evidência desses agentes sociais da pesquisa no movimento indígena, seja político ou
cultural. A pesquisa objetivou de modo geral refletir por meio da etnografia e da cartografia
social sobre a (re)produção de unidades sociais na região metropolitana de Manaus tendo
como objeto as estratégias matrimoniais entre indígenas de povos diferentes. Buscou
descrever etnograficamente os processos de mobilidade, fixação, territorialidade,
territorialização e identidade étnica a partir dessas alianças matrimoniais, identificar a partir
dos agentes sociais da pesquisa e de suas histórias de vida verificar como se dá a construção
de suas identidades étnicas e de seus respectivos grupos condicionada pela situação da
pandemia. A pesquisa utilizou-se da etnografia com entrevistas presenciais e mediadas por
telefone celular e redes sociais, contando com registros audiovisuais, depoimentos e com
revisão bibliográfica relacionada aos temas que comporam a investigação. A estrutura da tese
conta com cinco capítulos onde no primeiro capítulo apresento o campo, a partir de
apresentação das unidades sociais da comunidade de Nossa Senhora do Livramento, do
Parque das Tribos, da comunidade Três Unidos, da comunidade do Grupo Bayaroá, do
restaurante Biatüwi em Manaus e da Terra Indígena Beija-Flor em Rio Preto da Eva e da
aldeia Tururukari-Uka em Manacapuru, finalizando com reflexão sobre os povos indígenas e
a região metropolitana de Manaus. No segundo capítulo trato das “regras matrimoniais” como
estratégias de reprodução social, alianças e unidades sociais indígenas na grande Manaus.
Neste capítulo discute-se sobre que atos deliberados são constituídos na consolidação de
identidades coletivas. Realiza-se de maneira concomitante uma análise crítica da
“dicionarização erudita” acerca da aliança em Lowie, Murdock e Schultz da reflexão crítica
sobre que unidades sociais estamos tratando, discutindo-se a partir de revisão bibliográfica
sobre os conceitos e/ou categorias significativas de unidades sociais, a saber: de povo, nação,
grupo étnico, comunidade e tribo, encerrando-se o capítulo com uma discussão sobre
territórios pluriétnicos. O terceiro capítulo por sua vez, reflete criticamente sobre a história
social das interpretações sobre alianças na antropologia. Para esta discussão elaborou-se
revisão bibliográfica sobre as teorias da aliança a partir de Morgan, Cushing, Boas, Rivers,
Malinowski e Leach, buscando possíveis desconstruções das ideias de regras e modelos
sociais para as alianças e organizações sociais humanas. Seguindo com o quarto capítulo, ode
apresento as histórias de vida dos quinze casais que compõem a pesquisa. Finaliza-se com o
quinto capítulo, apresentando as acepções das mulheres rionegrinas sobre estratégias de
casamentos e os processos diferenciados de territorialização e territorialidades específicas
indígenas a partir dos depoimentos de quinze casais e das contribuições de três mulheres da
associação das mulheres indígenas do Alto rio Negro, onde apresenta-se o processo de
territorialidade específica de cada unidade social da pesquisa. As considerações a que se
chegou recaem sobre a observação de que as alianças matrimoniais em seus variados arranjos
e contextos, contribuem para o fortalecimento e (re)construção de identidades étnicas
individuais e coletivas perpassando por diversas esferas da vida social como a religião, a
economia, as expressões artísticas e culturais e a política. Sobre os casais colaboradores da
pesquisa é possível observar que suas alianças se constituíram nas diversas esferas, logo
reiteramos que as alianças também são fruto de contextualizações, assim como estratégias
quando se trata de indígenas em processos de territorialização e territorialidades em territórios
que não os seus de origem, como é o caso de Manaus. A sugestão mais potencial foi a de
propor a construção de uma categoria analítica para explicar esse fenômeno do casamento
entre povos indígenas de diferentes etnias, pois ao tentar utilizar a categoria de casamento
interétnico, nos parece ser importante utilizar categoria analítica coerente. Principalmente
porque esta categoria refere-se fortemente a casamentos entre povos indígenas e não
indígenas e é amplamente utilizada e convencionada a este sentido, embora essas alianças
entre diferentes povos indígenas também sejam consideradas interétnicas. |