Os trópicos úmidos são regiões onde predominam solos de baixa fertilidade e as condições climáticas prevalecentes, temperatura e umidade elevadas, constituem ambientes desfavoráveis ao cultivo de grande parte das hortaliças não convencionais. As hortaliças nativas amazônicas, além das características de adaptação ambiental, apresentam extraordinário valor nutricional, mas são praticamente desconhecidas pelas populações dos centros urbanos regionais. As plantas de múltiplo uso são assim reconhecidas por ser atribuído as mesmas valoração utilitária (NODA,2000) de possuírem propriedades medicinais, condimentares e alimentares pelos agricultores familiares, que ainda hoje fazem uso de espécies de múltiplo uso e são os detentores dos conhecimentos relacionados a essas plantas (etnoconhecimento) e desenvolveram as estratégias humanas de conservação (etnoconservação). Atualmente, grandes iniciativas são tomadas para a participação no atendimento do mercado consumidor, de plantas de múltiplo uso o que vem a requerer, mudanças na ocupação espacial produtiva e na organização dos processos de manejo e conservação desses recursos, forjando paisagens diferenciadas nas diferentes localidades de agricultores familiares. Entretanto, o gradual abandono do cultivo das hortaliças não convencionais, mesmo pelos agricultores tradicionais, representa um risco muito grande que poderá conduzir a uma extrema redução da variabilidade genética, ou até mesmo, a extinção de espécies. Estes atores sociais apresentam-se necessitados de informações sistematizadas para melhoria das condições de conhecimento e aprendizagem sobre processos de conservação ambiental, com ênfase especial na estruturação de mecanismos de conservação dos recursos genéticos in situ. A presente proposta de pesquisa visa caracterizar o etnoconhecimento relacionado e os processos de etnoconservação utilizados com plantas de múltiplo uso por agricultura familiar nas várzeas do Município de Manaus e arredores. Tendo como procedimentos metodológicos a utilização de questionários, entrevista com roteiro prévio, elaboração de croquis das moradias e áreas de produção, coleta de material botânico e composição de mapas cognitivos.
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