A implantação dos frigoríficos na cidade de Manacapuru, no Estado do Amazonas, no final da década de 1970 e início da década de 1980 e consequentemente a criação de um mercado exclusivo para os peixes lisos , ocasionou uma alteração significativa no uso dos espaços aquáticos pelos ribeirinhos na várzea amazônica. Acostumados a praticar a pesca nos lagos de várzea, à exceção do período da piracema, os ribeirinhos passaram, a partir desse período, a utilizar intensamente o ambiente rio, no caso em questão o rio Solimões. Para melhor exercer o controle do processo de captura das inúmeras espécies de bagres aqueles atores sociais vem demarcando suas áreas de atuação através da criação das territorialidades pesqueira e da introdução do sistema da vez nesse tipo de pesca.
A expansão da demanda para as espécies de bagres na várzea de Manacapuru gerou o estabelecimento de uma ampla e complexa rede de comercialização. Como os frigoríficos não atuam no processo de captura, a qual implicava uma série de investimentos, aumentando seus custos de produção, essa incumbência ficou reservada para os ribeirinhos que direcionam o resultado de suas pescarias para serem negociadas nas casas flutuantes instaladas nas comunidades e na sede do município e/ou diretamente junto aos frigoríficos. Em todas as situações o pagamento é realizado à vista por meio de moeda corrente. É com a intenção de compreender esse processo de comercialização da pesca dos bagres no baixo rio Solimões que surge o interesse desse estudo.
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