Relatório de Pesquisa

David Hume: Moral e Conhecimento - as relações existentes entre as reflexões morais e a questão do conhecimento no empirismo de David Hume

Durante muito tempo, muitos filósofos tentaram desqualificar o sistema humeano apontando-o como cético, mas as razões aí apresentadas são quase sempre rodeadas de interpretações genéricas. Se o ceticismo humeano fosse realmente tão prejudicial e irremediável, como, então, David Hume ousou desenvolve...

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Autor principal: Wendel de Holanda Pereira Campelo
Grau: Relatório de Pesquisa
Idioma: pt_BR
Publicado em: Universidade Federal do Amazonas 2016
Assuntos:
Acesso em linha: http://riu.ufam.edu.br/handle/prefix/1856
Resumo:
Durante muito tempo, muitos filósofos tentaram desqualificar o sistema humeano apontando-o como cético, mas as razões aí apresentadas são quase sempre rodeadas de interpretações genéricas. Se o ceticismo humeano fosse realmente tão prejudicial e irremediável, como, então, David Hume ousou desenvolver uma filosofia moral ou uma ciência do homem? O problema talvez persista no seguinte argumento: admitindo o ceticismo como doutrina que suspende o juízo sobre as coisas que vão além dos fenômenos fornecidos pela experiência - isto é, acerca das coisas em si mesmas -, suas conseqüências epistemológicas só podem resultar numa espécie de incerteza generalizada. Assim, permanecendo no plano fenomênico, o ceticismo nunca poderá atingir o nível do conhecimento mesmo. Ora, segundo esse argumento, o fenômeno só pode ser concebido como uma mera aparência . Todavia, para o empirismo em geral, o fenômeno, como tal, não contém em si mesmo qualquer qualificação negativa - ele não é uma essência ou uma substância, mas, nem por isso, passa a ser uma aparência ou um acidente. Assim, o ceticismo de Hume, antes de tentar sustentar uma incerteza generalizada, procura mostrar que para o conhecimento legítimo não é exatamente necessário que o mesmo atinja a essência última das coisas (como sustentam, por exemplo, as filosofias essensialistas). O naturalismo, por sua vez, constitui, na história da filosofia, assim como o ceticismo, uma concepção alternativa à metafísica platônico-aristotélica. Diferente da corrente cética, a concepção naturalista pensa ser possível o acesso à natureza das coisas, mas nem por isso as compreende como essências puras e metafísicas - neste sentido, o conhecimento está ligado tão somente à ordem natural das coisas. Segundo David Hume, para que seja possível a inferência acerca dos objetos, é-se necessário que a natureza humana conceba uma espécie de ordem pré-estabelecida que possa dar coesão aos dados (objetos) exteriores, tornando, então, o conhecimento inteiramente possível . Assim, pretende-se, nesse trabalho, identificar a coerência existente nesse suposto paradoxo entre o ceticismo e o naturalismo do sistema filosófico humeano e pensar como sua filosofia elaborou, afinal, distintamente daquilo que acreditam certos críticos dogmáticos, uma filosofia prática carregada de questões decisivamente morais.