Na Amazônia, a década de 1970 foi pródiga em grandes construções, sobretudo no que tange à realidade estrutural da região. Algumas das obras, iniciadas pelo governo militar e seus sucessores que as continuaram após a queda do regime, em 1985 deram certo, como foi o caso do Pólo Industrial de Manaus (PIM), na capital amazonense, em 1967; outras nem tanto, tal como a Hidrelétrica de Balbina, no município de Presidente Figueiredo, a 112 quilômetros da capital, cuja construção iniciou-se próximo à Cachoeira Balbina, no Rio Uatumã, no ano de 1981.
A obra causou muita polêmica na época por conta dos diversos impactos gerados ao ambiente e às populações do entorno. Vinte anos após o projeto terminado, a questão ainda suscita opiniões diversificadas e bastante veementes acerca da barragem. Opiniões que podem, inclusive, variar a partir da diferenciação entre tipos de populações e faixa etária, levando em consideração o que eles pensam e sentem sobre a hidrelétrica (CHATTERS, 1998).
Questões já levantadas historicamente em pesquisas acerca da barragem de Balbina foram diversas, relacionadas a) ao baixo potencial energético instalado, b) ao funcionamento dos ecossistemas no entorno da hidrelétrica, c) às consequências da desterritorialização no entorno da área da hidrelétrica e d) acerca da contribuição negativa de Balbina para o aquecimento global, com suas altas taxas de emissões de gás metano (CH4) (KEMENES et al., 2007).
Mediante a diversidade de investigações já realizadas, o presente estudo propõe descrever e avaliar impactos sociais gerados pela hidrelétrica de Balbina na população moradora do entorno da barragem que foi atingida pela construção da obra. De onde será indagado: a) o significado da hidrelétrica na vida dos moradores do entorno, as implicações sociais para os moradores da hidrelétrica; e como ocorrem os processos de exclusão/inclusão social na comunidade diante do contexto de funcionamento da hidrelétrica.
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