O estudo do lugar na Geografia já suscitou longos debates. Esta categoria já foi reconhecida como objeto de estudo desta ciência, o lugar era visto como palco dos acontecimentos, objetivava-se conhecer os lugares nos seus aspectos naturais o lugar tinha apenas o sentido de localização. Os aspectos culturais traduziam-se apenas numa relação natural de produção de artefatos. A geografia era aí, uma ciência dos lugares e não dos homens. Essa discussão foi sucumbida num primeiro momento pela perspectiva pragmática e quantitativa da Geografia, que privilegiando o planejamento técnico e estatal elegeu como categorial geográfica a região. O lugar aí continuou traduzindo a localização, que geometricamente era calculado mostrando a espacialização das coisas e dos homens de cada região.
A Zona Leste da cidade de Manaus é marcada por uma imagem de violência, bairros ocupados de forma ilegal, ambientes degradados, ocupação em áreas de risco, reflexo de uma cidade marcada pelas desigualdades sociais. Estas imagens refletem nas pessoas que ai vivem. Porém a Zona Leste concentra igrejas de todas as denominações, casas de shows, campos de futebol, restaurantes, grupos folclóricos que ensaiam o ano inteiro e tem participação efetiva no festival folclórico da cidade, grupos que surgem de manifestações espontâneas ou organizadas pelos líderes comunitários ou pelas escolas municipais e estaduais, duas escolas de samba que descem no primeiro grupo no carnaval da cidade são representantes da Zona Leste. Queremos aqui identificar as expressões culturais que fazem parte do cotidiano desse lugar e que são expressões de uma identidade para além da imagem que se construiu de uma Zona violenta, suja, feia
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