Os peixes ocupam os mais diversos ambientes aquáticos (VAZZOLER, 1996; LOWE-MCCONNELL, 1999) e são de grande importância comercial. Na criação em cativeiro, estão em contato direto com agentes estressores, substâncias cujos efeitos ameaçam ou perturbam o equilíbrio homeostático do organismo, desencadeando um conjunto de respostas fisiológicas. A habilidade de reagir à presença de um agente estressor é de extrema importância pois as respostas geradas a eles são fundamentais para a sobrevivência do animal, permitindo assim uma melhor adaptação às variações ambientais (LAPPIVAARA & OIKARI, 1999). O nitrito (NO2-) é um dos principais agentes estressores encontrados no meio em cultivo intensivo, e dependendo de sua concentração, pode resultar em elevada mortalidade dos peixes. Os rins constituem a principal rota de excreção de metabólitos aos quais o peixe tenha sido eventualmente exposto (HINTON et al.,1992) e localizam-se dorsalmente, acompanhando a coluna vertebral, e é divido em duas porções: anterior ou rim cefálico e a posterior ou rim caudal. Cada estrutura do rim dos teleósteos realiza uma função específica na produção de urina, regulação osmótica e hormonal no animal. Nos teleósteos dulcícolas, os glomérulos, responsáveis pela ultrafiltração do sangue, estão mais concentrados na porção posterior do rim, onde ocorre extensa reposição de íons durante o fluxo do filtrado ao longo dos túbulos renais, produzindo fluido filtrado que dará origem à urina (JOBLING, 1995; TAKASHIMA & HIBIYA, 1995; EVANS, 1993). Conhecer a ação responsiva dos rins de peixe em exposição ao NO2- é uma das metas deste estudo. Altas concentrações de NO2- fazem com que o ferro ligado ao grupo Heme da hemoglobina (Hb) seja oxidado de ferroso para férrico, formando assim a metahemoglobina(MetHb), incapaz de transportar oxigênio (COSTA et al 2004). Estudos sobre os efeitos de agentes poluentes encontrados no meio demonstraram que os rins foram os mais sensíveis, apresentando glomerulonefrite, hiperemia, degeneração hidrópica e congestão glomerular (BENLI et al. 2008). O tambaqui, Colossoma macropomum, é de longe uma das espécies mais conhecidas da bacia Amazônica, e vem sendo bastante difundida em sistemas intensivos de cultivo devido sua rusticidade, o que possibilita uma rápida adaptação a alimentação por ração. Por receber grande fluxo sanguíneo, o rim pode ser considerado, tal como as brânquias, órgão alvo de agentes estressores (HINTON et al., 1992; EVANS, 1993), sendo de extrema importância nos peixes teleósteos por estarem diretamente envolvidos na resposta do organismo a essas substâncias. Pouca importância tem sido dada ao estudo da ação de substâncias nocivas aos quais os peixes já estão em contato num meio de cultura intensivo, como por exemplo o NO2-. A determinação de como os rins são afetados por essa substância e como ela irá afetar a fisiologia do animal é fundamental pra a implantação de medidas preventivas em sistema de cultivo intensivo.
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